‘Minha primeira menstruação foi na escola, sem ninguém para me ajudar’, diz jovem em roda de conversa sobre dignidade menstrual
Atividade dá início a uma série de ações e campanhas com beneficiários do programa Amapá Jovem em todo o Amapá.
A pobreza menstrual está relacionada à falta de produtos de higiene, como absorventes, sabonetes e de condições básicas para garantir a higiene menstrual.
A falta de recursos básicos de higiene e de saúde intima foram discutidos durante uma roda de conversa com beneficiários do programa Amapá Jovem, nesta quinta-feira, 1º. O debate traz à tona um assunto ainda mais amplo, grave e que precisa ser combatido: a pobreza menstrual. A atividade dá início a uma série de ações e campanhas voltadas à promover a dignidade menstrual em todo o Amapá.
Mais de 1.500 jovens participaram da live realizada pela Secretaria de Juventude em parceria com o mandato da deputada estadual Marilia Góes. A parlamentar é autora de proposituras para combater a pobreza menstrual, como os requerimentos direcionados à secretaria de Estado da Educação (Seed), para que inclua o absorvente higiênico como item da cesta básica do Programa Kit Merenda em Casa, para a secretaria de Estado da Inclusão e Mobilização Social (Sims) incluir o absorvente higiênico como item da cesta básica do Programa Comida em Casa e o solicitando à Sejuv a promoção de ações e campanhas educativas, sociais e solidárias, de orientação, informação e conscientização aos beneficiários do programa Amapá Jovem.
Entre as participantes, a jovem Ariane Ladislau, de 20 anos, que relembrou a primeira menstruação.
“Minha primeira menstruação foi aos 13 anos. Para a minha infelicidade ocorreu na escola, ou seja, não tinha ninguém para me ajudar, não sabia a quem recorrer, ninguém tinha um absorvente na hora, eu precisei voltar para casa, e conversei com minha mãe sobre o assunto”, disse a jovem.
Ao ouvir o relato, a deputada lembrou que nem todas as meninas têm a oportunidade de ter orientação em casa e destacou que 7.2 milhões de pessoas que menstruam no país não têm acesso a absorventes; quatro milhões de jovens faltam na escola em média cinco dias no mês, porque não têm condições de ter um absorvente para ir à escola.
“Isso é uma questão de saúde, de educação, temos milhões de meninas que se evadem da escola por constrangimento. Pessoas que não têm o mínimo de condições de fazer a higiene básica, sem acesso à água tratada, saneamento básico, sem recursos para adquirir absorventes íntimos e que acabam utilizando jornal, miolo de pão ou panos como alternativa e acabam desenvolvendo doenças. Esse assunto é muito mais sério e grave do que imaginam e tem que ser discutido”, afirmou a parlamentar.
Outro fator abordado é a alta taxa de imposto cobrada sobre o absorvente íntimo, a necessidade da distribuição gratuita, assim como ocorre com preservativos e inclusão do item na cesta básica.
“Enquanto parlamentar tenho que garantir que o Governo do Estado garanta absorvente para pessoas que estão em vulnerabilidade social, que não tem condições de adquirir absorventes e vamos trabalhar para o Amapá ser o segundo estado do Brasil a garantir que o absorvente seja um item da cesta básico e seja garantido nas escolas e hospitais”, garantiu a deputada.
E a discussão não é somente com as mulheres, homens também precisam participar.
“Tenho uma irmã de 13 anos. Aos 12 ela entrou no ciclo e foi algo assustador para ela e eu não sabia como ajudá-la. Eu como homem também tenho que ter esse conhecimento para tratar as mulheres de forma respeitosa. Na ocasião, pesquisei, conversei com minha irmã, pois minha mãe nunca passou esse conhecimento pra mim”, relatou Lucas.
Ações
Várias propostas surgiram durante a roda de conversa. Entre elas, a implantação de uma comitiva para planejar ações para um projeto piloto com orientações, formação de multiplicadores e arrecadação de absorventes para doação.
“Vamos nomear esses jovens que formarão uma comitiva para atuar em todo o Amapá e juntos elaborarmos estratégias para combater a pobreza menstrual e promover a dignidade menstrual, um tema importante, provocado pela deputada Marilia e que atinge muitas beneficiárias do Amapá Jovem”, disse o secretário de Juventude, Pedro Filé.
Pobreza menstrual
A pobreza menstrual está relacionada à falta de produtos de higiene, como absorventes, sabonetes e de condições básicas para garantir a higiene menstrual, o que inclui saneamento básico, água tratada, acesso à informação sobre saúde menstrual e educação. Um problema que é vivenciado por mulheres, pessoas trans ou não-binárias e que traz consequências negativas como riscos à saúde e impactos na educação.
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