Governo reforça abastecimento de água potável a comunidades do Bailique afetadas pela salinização
Já são mais de 600 mil litros do recurso enviados pelo Estado à região, além do volume filtrado no local por estação de tratamento.
Estação de tratamento acoplada à embarcação produz até 10 mil litros de água potável por hora.
O Governo do Amapá enviou nesta quinta-feira, 25, mais uma balsa contendo 120 mil litros de água para o abastecimento das comunidades do arquipélago do Bailique, atingido pela salinização do rio Amazonas. Com mais essa ação, o Executivo estadual distribuiu mais 600 mil litros do recurso à região.
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A embarcação também é equipada com uma estação compacta de tratamento de água, instalada pela Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa), com capacidade de filtragem e produção de 10 mil litros por hora.
O coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil (Cedec), coronel Wagner Coelho, detalhou como ocorre o atendimento aos moradores.
“A balsa parte de Macapá já abastecida para fazer a distribuição imediata da água potável. E nas áreas onde a salinização não ocorre, usamos a estação para o reabastecimento e assim, mantemos um ritmo consistente de distribuição aos moradores do distrito”, explicou.
O chefe da Defesa Civil destacou, ainda, a complexidade da operação, visto a dificuldade de acesso às comunidades mais afastadas. Ele destaca que o planejamento leva em conta as marés para poder atender a todos os afetados.
“Vila Progresso, Macedônia, São Pedro [...] são algumas das localidades mais afetadas pela salinização, mas não as únicas. Há vilarejos ao norte do arquipélago que mesmo embarcações menores não passam”, completou.
Cidadania e Saúde
Ainda em novembro, uma força-tarefa do Estado levou atendimentos de saúde, testagem e vacinação contra diversas doenças. Foram mais de 2,3 mil moradores por especialidades médicas, odontológicas, fisioterapêuticas e psicológicas.
Além dos serviços dos serviços de saúde, a ação contou com emissão de documentos básicos, como carteiras de identidade, cartões do Sistema Único de Saúde (SUS) e encaminhamentos para acesso à Seguridade Social (INSS).
Outra ação similar está prevista para ocorrer em dezembro.
Monitoramento
O arquipélago do Bailique está localizado em um estuário, ou seja, um local de transição entre a água doce dos rios e a água salgada do mar.
Durante os períodos de estiagem, com a diminuição do volume de chuvas e menor vazão do rio Amazonas, essa zona intermediária recebe maior volume de água do mar, com a consequente salinização das águas, que se tornam salobras e inadequadas para o consumo.
Desde 2015, o monitoramento do fenômeno é realizado pela Defesa Civil e o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa). De acordo com o coordenador de Gerenciamento Costeiro do Estado do Amapá, doutor Orleno Marques, os pesquisadores desenvolvem estudos para verificar aspectos diversos, como a sazonalidade.
“Desde agosto desenvolvemos pesquisas para verificar os períodos do ano onde a salinidade ocorre em maior ou menor intensidade. Apesar de agravada pela estiagem, verificou-se que mesmo nos períodos de chuvas e de maior vazão do rio, as águas apresentam salinidade superior aos níveis comuns à água doce”, explicou.
Além disso, a pesquisa também inclui investigações sobre a disponibilidade de peixes típicos de águas doce e salgada, ou mesmo alterações no sabor do açaí produzido nas ilhas do Bailique, provocadas pela salinização das áreas alagadas.
“A intensificação desse fenômeno natural é um dos focos das pesquisas, que também verificam alterações nas cadeias produtivas das comunidades, entre as principais atividades estão a pesqueira e o manejo de açaizais”, finalizou Marques.
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