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Polícia Científica analisou cerca de 1,8 mil amostras de DNA para resolução de crimes e pessoas desaparecidas

Em dois anos, outras 2 mil amostras foram inseridas pelo Amapá na rede nacional de perfis genéticos. Dados já elucidaram crimes no Brasil e fora do país.

Por Marcelle Corrêa
16/05/2023 14h50

Foram 288 amostras processadas de janeiro a março de 2023

Um dos mais confiáveis instrumentos da segurança pública para resolução de crimes e identificação de pessoas, o laboratório de DNA da Polícia Científica do Amapá (PCA) realizou, desde 2021, cerca de 1,8 mil análises periciais. Em 2023, até o mês de março, já foram 288 amostras processadas.

O coordenador do laboratório, Pablo Francez, explica que os vestígios são catalogados e ficam armazenados na base de dados da instituição, e são também inseridos na Rede Integrada de Perfis Genéticos, que é formada pelas amostras coletadas da Polícia Federal e os laboratórios dos estados.

“Temos os casos fechados, que são quando há suspeitos para comparação entre amostra e cena do crime, mas outra possibilidade é a utilização nos casos em que não se tem suspeitos. Nós alimentamos o Banco de DNA com perfis genéticos para que possamos fazer o cruzamento das informações, não apenas dentro do estado, mas também em níveis nacional e internacional”, acrescenta o coordenador.

Nenhum DNA é igual ao outro, e vários equipamentos de alta tecnologia ajudam os profissionais a traçar as diferenças genéticas que podem identificar criminosos, pessoas desaparecidas ou encontradas mortas sem identificação. Nessa base de dados, outras 2 mil amostras de material biológico já foram catalogadas.

DNA de presos do Iapen

O diretor-geral da Polícia Científica, Marcos Ferreira, detalha que desde 2022, presos que cumprem pena no Instituto de Administração Penitenciária do estado (Iapen) por crimes hediondos estão tendo o material genético catalogado nos registros da instituição.

“Com essa coleta, temos subsídio para identificar possíveis outros crimes. Quando os dados são lançados em um banco de DNA nacional, se o preso cometeu delitos em outro estado, ele será automaticamente identificado. Já temos mais de 60 casos positivos interestaduais, e delitos internacionais, identificados pelo levantamento genético”, detalha Ferreira.

O diretor acrescenta que esse trabalho se torna uma prova irrefutável contra criminosos, pois o método consegue individualizar o suspeito, levando à Justiça a pessoa certa.

Naufrágio do Anna Karoline III

Entre os trabalhos investigativos por meio de material genético, a Polícia Científica destaca ocorrências de grande complexidade, como no naufrágio do Anna Karoline III, ocorrido em fevereiro de 2020, entre os estados do Amapá e Pará, que deixou 40 mortos e 2 pessoas desaparecidas.

“Quando dois meios de identificação, como impressão digital e odontologia legal, não são suficientes para desvendar a identidade da vítima, entra o trabalho de coleta do DNA. Obtivemos o perfil genético das vítimas e comparamos o material biológico com familiares”, recordou Francez.

Outros casos resolvidos

Um dos casos de maior repercussão, logo após a implantação do Laboratório de Genética Forense, ocorreu em 2009. Uma equipe técnica do Amapá foi enviada à Brasília, a pedido da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), para ajudar na identificação de vítimas do desastre aéreo da companhia Air France, que iria do Rio de Janeiro a Paris, e deixou 228 pessoas mortas, 

Em outras ocasiões, os peritos obtiveram resultados interestaduais, como um latrocínio ocorrido no Pará. O material genético do acusado havia sido coletado no Amapá e, após o confronto na Rede de Perfis Genéticos, ele foi identificado como responsável pelo crime.

Já entre os casos internacionais, o laboratório ajudou a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) na identificação de 5 ocorrências registradas na Guiana Francesa, entre elas um homicídio, crime contra o patrimônio e três pessoas mortas encontradas em território francês. Os exames apontaram que essas três pessoas responderam por crimes no Amapá.

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