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Governo do Amapá inicia projeto para aperfeiçoar o atendimento humanizado na Segurança Pública

Objetivo é reforçar a garantia da proteção e o respeito aos direitos humanos de todas as pessoas, especialmente àquelas que pertencem a grupos sociais vulneráveis.

Por Marcelle Corrêa
01/08/2023 17h00

Como parte do projeto, 100 agentes do setor iniciaram uma qualificação voltada ao atendimento humanizada

O Governo do Amapá iniciou nesta terça-feira, 1º, a "Qualificação em Atendimento Humanizado nas Instituições de Segurança Pública do Amapá”. A meta é aperfeiçoar a qualidade e a efetividade do trabalho policial para garantir a proteção e o respeito aos direitos humanos de todas as pessoas, especialmente àquelas que pertencem a grupos sociais vulneráveis, como indígenas, idosos, mulheres e crianças.

O curso, idealizado pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), é voltado para 100 agentes da Defesa Social do Estado e possui ênfase na ética e na responsabilidade no exercício da profissão, reforçando o papel fundamental dos servidores, que é proporcionar bem-estar e segurança à população.

O governador em exercício do Amapá, Antônio Teles Júnior, reforça que investir na capacitação dos profissionais é fundamental para aprimorar a qualidade dos serviços prestados à sociedade na promoção do conhecimento sobre atendimento humanizado e respeitoso.

"O atendimento humanizado é uma forma de atenuar a dor daquela pessoa, que, por exemplo, vai em uma delegacia sendo vítima de crimes hediondos e, já fragilizada pela situação, deve receber uma acolhida diferenciada. É uma previsão dentro do plano de governo, é uma necessidade da sociedade e, precisamos cada vez mais trabalhar a segurança pública de aproximação, aquela que vai estar presente no dia a dia das pessoas", disse o gestor estadual.

A meta da qualificação é que todos os participantes sejam multiplicadores de conhecimento para ensinar e propagar a melhor forma de atender as vítimas, como pontuou o secretário da Sejusp, José Neto.

"Tenho um pedido a fazer a todos os integrantes dos órgão de segurança que estão participando deste curso: compartilhem o conhecimento com os colegas dentro das delegacias, dentro das viaturas para que consigamos ampliar e levar o atendimento humanizado e especializado para todas as nossas instituições", enfatizou o secretário.

O curso é organizado pela Coordenadoria de Segurança Comunitária (CSC/Sejusp). O secretário adjunto da pasta, Paulo Reyner, pontua que a capacitação é uma mudança de paradigmas para aperfeiçoar o acolhimento à vítima.

"Se faz necessário trabalhar na proteção e no direito das vítimas em seus mais diversos segmentos sociais. Pretendemos que as instituições de Segurança Pública possam evitar o que chamamos de 'revitimização', ou seja, evitar que, após o crime, a vítima sofra um novo tipo de violência, uma violência institucional devido a má atuação dos órgãos da segurança", destacou Reyner.

Protagonismo nacional

O curso será ministrado pelo delegado de Polícia do Distrito Federal Anderson Cavichioli, referência nacional sobre humanização do atendimento nas instituições de Segurança Pública. Ele afirma que a experiência do Amapá será um modelo a ser seguido por outras entidades federativas do país.

"É através desse esforço coletivo aqui no Amapá que vamos construir a dianteira da segurança pública no Brasil, pois, quando a gente fala em humanização na segurança, várias portas se fecham e o Amapá abriu essa porta para a cidadania, que contempla a dignidade da pessoa humana como valor máximo para coordenar as ações policiais. Eu quero apenas agradecer por fazer parte deste momento", mencionou Cavichioli.

Ações direcionadas

A capacitação irá trabalhar protocolos de atendimentos para grupos específicos, como mulheres, pessoas negras, público LGBTQIA+, pessoas idosas, crianças, adolescentes, pessoas com deficiência e povos indígenas.

A secretária de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPM), Adrianna Ramos, vê na iniciativa a oportunidade de integrar conhecimentos para melhor atender a população feminina, que é vítima de violência.

"O que é interessante é essa transversalidade. Hoje, vemos aqui pessoas que representam vários segmentos da nossa sociedade e percebemos que a segurança pública está fazendo essa integração, promovendo esse debate para que todos tenham consciência da necessidade desse atendimento humanizado", pontuou Adrianna.

A fundadora do Instituto das Mulheres Negras do Amapá (Imena), Cristina Almeida, enfatizou o poder representativo que a estratégia traz para os cidadãos, especialmente para a população negra.

"Nos sentimos realizados, pois essa é uma pauta de reivindicação nossa de muitos anos e que, agora, está se tornando realidade. Acreditamos que a construção do protocolo é fundamental para que realmente humanizem a abordagem com nossos homens e mulheres", enfatizou Cristina.

Povos indígenas

Um dos marcos da capacitação é que o Amapá será o primeiro estado do Brasil a implantar protocolos que atendam os povos originários, respeitando sua língua materna e seus costumes. A secretária dos Povos Indígenas, Sônia Jeanjacques, que pertence à etnia Galibi Kali'na, do município de Oiapoque, considera que a estratégia vai reforçar as demandas dos povos indígenas e trabalhar a melhor forma de atendê-los institucionalmente.

"Sabemos que os povos indígena em si são muito vulneráveis, principalmente quando se trata da questão da língua, pois muitos dos nossos falam só a língua materna e, durante uma abordagem policial, eles têm dificuldade em se expressar. Com essa capacitação, ficará muito melhor efetivar métodos de abordagem mais humanos e com mais conhecimento sobre a nossa população", disse a secretária.

 

 

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