Que tipo de homem você é?: Governo do Amapá lança campanha que provoca reflexão sobre a violência contra a mulher
Campanha 'Agosto Lilás' terá ações ao longo de todo o mês, de Oiapoque a Laranjal do Jari.
Ao longo do mês, serão realizadas diversas ações no contexto do 'Agosto Lilás'
O Governo do Amapá lançou nesta quarta-feira, 9, a campanha "Que tipo de homem você é? Que agride ou acolhe?", que provoca uma reflexão de como a sociedade se comporta diante da violência contra as mulheres. Ao longo do mês, serão realizadas diversas ações no contexto do "Agosto Lilás", de Oiapoque a Laranjal do Jari.
Além de mobilizar as mulheres violentadas a denunciarem, a iniciativa convoca a sociedade como um todo a agir para proteger e acolher as vítimas de violência, explica o governador do Amapá, Clécio Luís.
"Atos como esse simbolizam nosso desejo de se materializar as ações. Essa é uma campanha disruptiva, que nos leva a nos questionar que tipo de pessoa nós somos. Não queremos só apontar o dedo, mas mudar a sociedade. Temos uma série de estruturas, que apertam o cerco, mas a mudança só acontece se estiver na consciência da sociedade como um todo. Esse exercício começa conosco e com nossos filhos", destacou o governador.
São ações que buscam chegar a pessoas que moram na zona urbana e também na zona rural dos municípios, de Oiapoque a Laranjal do Jari, em localidades onde vivem pessoas como a Maria Dorama, representante da Comissão de Trabalhadoras Rurais e da Associação dos Moradores e Assentados do Corre Água.
"Agradeço todas as políticas públicas que têm se desenvolvido no estado. É uma campanha pra gente refletir: que filho estamos gerando e criando? Queremos que essa política não fique só na parede, na campanha, que a gente possa desenvolver políticas públicas de verdade", declarou a agricultora.
A Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPM) é responsável pela coordenação das ações.
"Nós nascemos de uma mulher, que deu a luz a um ser humano que pudesse viver sua vida plena, sem sofrer violência e principalmente sem ser alguém que provoque a violência. Acompanhada das legislações existentes, nossa campanha é para que todos nós possamos pensar: que tipo de homem você é?", pontuou a secretária Adrianna Ramos.
Rede de Atendimento da Mulher (RAM)
Há 10 anos, o Amapá possui a Rede de Atendimento da Mulher (RAM), com um conjunto de equipamentos sociais com objetivo de assegurar o fim do ciclo da violência doméstica e amparar as mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Roseli Almeida, que foi deputada estadual e autora da Lei 1764/2013, que criou a RAM, ressaltou a importância de rediscutir o sistema, que foi criado para homens que ainda não entenderam que as mulheres merecem respeito.
"Aprendi que a minha dor de ontem é a minha fortaleza hoje, que busca ajudar mulheres que sofrem e têm medo de falar. Mandato é instrumento, mas não é pra sempre. A RAM precisa ser reavaliada, porque a sociedade muda sempre, e também precisa ser fortalecida. O importante é construir a história e lutar na construção de uma sociedade melhor. O combate à violência é uma responsabilidade de todos", discursou, emocionada.
Dentre as parcerias feitas, a campanha ganha reforço com a Assembleia Legislativa do Amapá, onde há a Promotoria da Mulher. Na sexta-feira, será apresentada no parlamento proposta para fortalecer as políticas de combate aos crimes de gênero.
Denuncie: ligue 180
A violência cometida contra a mulher se classifica em 5 tipos: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
No primeiro semestre deste ano, as Delegacias de Crimes contra a Mulher registraram 3.746 boletins de ocorrência. Nesse período, o Amapá teve, segundo a Polícia Civil, 3 mulheres mortas em crimes com características de feminicídio; e outras 21 que sofreram tentativas de homicídio. Dentre os assassinatos, um homem suspeito foi preso em flagrante e os outros dois casos foram presos em decorrência de prisão preventiva.
Nos primeiros 6 meses de 2023, a Secretaria das Mulheres registrou aumento de 50,87% nos atendimentos, em relação ao mesmo período de 2022. Os dados representam o reforço da rede de atendimento, que abrange os Centros de Referência de Atendimento à Mulher (Cram), o Centro de Atendimento à Mulher e à Família (Camuf) e ainda o Núcleo de Atendimento às Mulheres Amapaenses (AMA-LBTI).
"Qualquer uma de nós pode estar no contexto da violência doméstica. É um mês pra chamar a atenção da sociedade como um todo para a violência contra a mulher que assola o mundo. Precisamos de campanhas educativas e preventivas como essa, porque é só assim que vamos combater esse índice", afirmou Sandra Cardoso, presidente do Conselho Estadual das Mulheres.
Durante a cerimônia, o governador Clécio Luís, recebeu um bottom que simboliza o combate à violência. Participaram do evento as secretárias do Governo, que representam 40% da nova gestão, além da primeira-dama Priscilla Flores, autoridades e representantes da sociedade civil.
"Essa campanha traz essa provocação para o homem pensar como vem agindo, como vem pensando, assim também com as mulheres, sobre como estamos criando nossos filhos, que pessoas estão ao nosso redor, que tipos de brincadeira nós aceitamos. Mulher, não aceite violência e ligue 180", reforçou Priscilla.
Campanha
Em conjunto com a Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), a Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres desenvolve diferentes ações, como curso sobre stalking, crime que consiste no ato de seguir uma pessoa de forma constante, com ameaças físicas ou psicológicas. Também haverá palestras, blitze educativas nos municípios, programa "Mulheridades" na Rádio Difusora, entre outras atividades.
Com divulgação no rádio, TV, redes sociais, e em outdoors espalhados pela cidade, as mulheres serão orientadas sobre as formas de denunciar as agressões, como ligações para a central de atendimento 180 e buscar a rede de proteção.
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