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No Amapá, Expo Favela 2023 encerra com celebração à cultura das periferias

Com apoio do Governo do Estado, feira deu espaço ao movimento hip hop, que chega aos 50 anos em agosto de 2023.

Por Marcelle Corrêa
14/08/2023 09h33

Público participou de apresentações com artistas como MV Bill

Evidenciar a realidade da população que vive nas periferias de todo o Brasil é o que estimula o movimento hip hop, que, em agosto de 2023, completa 50 anos de história. O estilo musical foi celebrado no domingo, 13, no último dia de Expo Favela Innovation 2023, que trouxe destaque para o empreendedorismo, a cultura e a arte produzida por quem vive longe dos centros urbanos. O evento é uma realização do grupo Favela Holding com a Central Única das Favelas (Cufa) e tem o apoio do Governo do Amapá, que investiu R$ 150 mil na feira. 

Quem esteve na Expo Favela pôde prestigiar, entre outras programações, uma roda de conversa com MV Bill, um dos principais rappers do hip hop brasileiro. O artista enfatizou a importância das políticas públicas alcançarem diferentes espaços no cenário cultural brasileiro. 

“É muito importante ter esse foco positivo para a juventude e com oportunidade para as pessoas que empreendem dentro das favelas mostrarem as coisas boas que saem lá de dentro”, disse MV Bill.

O cantor também realizou uma apresentação para o público que prestigiou o encerramento da feira. 

Mulher no movimento

Kaline Lima é a presidente nacional da Central Única das Favelas (Cufa), organização que, há 20 anos, desenvolve ações sociais, culturais e esportivas nas favelas. Ela conta que entrou no universo do hip hop há 25 anos e que, no início, não se viam muitas mulheres participando do estilo musical, mas hoje ela observa que o público feminino já conquistou seu espaço no movimento. 

“Hoje, eu vejo um outro movimento com as mulheres se apoiando mais. Existe também uma parcela de produtoras, artistas LGTBQI que também se unem a este movimento de empoderamento e de propagação do trabalho feminino. Ainda é pouco diante de toda a potência que a produção feminina tem, mas é um caminho que estamos despontando no Brasil inteiro”, enfatizou Kaline. 

Pai e filho no hip hop

No Amapá, uma das figuras mais emblemáticas no hip hop é Jorge Alberto, conhecido como “Poca”. O artista revela que foi “salvo” pelo estilo musical em 1989. Hoje, ele é um dos mais importantes líderes do movimento no estado e integra o grupo CRVG (Clã Revolucionário Guerrilha Verbal).

“Eu sou um exemplo que o hip hop salva e transforma. Eu passei por um processo de transformação social dentro dessa cultura. Eu tinha envolvimento com gangue, com crime. O movimento traz essa conscientização pra gente, e, é isso que é importante, a molecada tem que se ligar”, disse o artista. 

Quem segue os passos de Poca é o filho dele, o Jorge Felipe Araújo, conhecido artisticamente no cenário amapaense como “Pretogonista”. Ele faz parte da segunda geração dessa arte no estado e, dentro das suas canções, traz referências do jeito amapaense de ser. 

“Na minha arte, eu misturo o rap com o batuque, com o marabaixo. Utilizo os ritmos das religiões de matriz africana e, assim, vamos fazendo o nosso hip hop, que é uma filosofia, um estilo de vida, como aprendi com meu pai. É algo que nos ensina a viver e sobreviver”, disse o artista.


 

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