Governo do Amapá volta a sediar encontro da Sociedade de Arqueologia Brasileira
No Museu Sacaca, a 5ª edição do evento reúne pesquisadores e estudantes de diferentes estados e países para discutir as pesquisas arqueológicas desenvolvidas na região norte nos últimos anos.
Esta é a 2ª vez que o Amapá sedia o encontro, sendo a primeira em 2014
Pesquisadores e estudantes de diferentes regiões do país e do mundo estão reunidos no Amapá, nesta terça-feira, 12, para debater a atuação política, de ensino e impactos da arqueologia na Região Norte brasileira e de países amazônicos vizinhos. O encontro, que está sendo realizado no Museu Sacaca, conta com o apoio do Governo do Estado e segue até sexta-feira, 16.
A 5ª Reunião Científica do Núcleo Regional Norte da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB Norte) é coordenada pelo Núcleo de Pesquisa Arqueológica (NuPArq) do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa).
A programação terá ainda conferências, apresentações, simpósios temáticos, mesas redondas, visita técnica, exposições de pesquisas acadêmicas e artesanato voltados a pesquisa arqueológica na Amazônia.
No primeiro dia, o tema "Um Norte para a Arqueologia: O Papel Social das Pesquisas Arqueológicas na Amazônia" promoveu um diálogo com os povos originários, entre eles, lideranças indígenas Xingu e Wajãpi, a exemplo de Aykyry Waiãpi, um dos palestrantes.
Esta é a 2ª vez que o Amapá sedia o encontro, sendo o primeiro promovido em 2014. Após 9 anos, os pesquisadores amapaenses voltam a discutir o futuro da arqueolologia. Para o gerente do NuPArq, Lúcio Costa, a oportunidade de reunir pesquisadores e estudantes de 11 estados e 4 países diferentes mostra a importância dos achados da região amazônica.
"O Amapá tem uma importância estratégica e inaugural na pesquisa brasileira em termos de arqueologia. Nós temos datações de 6 mil anos atrás, comunidades implantadas em sítios arqueológicos, que também participam destas discursões. A gente convida a sociedade para prestigiar até sexta-feira, a produção cientifica da nossa região, conhecendo os envolvidos em diferentes projetos de pesquisa", reforçou Costa.
O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), Michael Silva, explica que o 5º Sab Norte é uma forma de divulgar para a população os trabalhos arqueológicos que estão sendo desenvolvidos nos últimos anos.
"A reunião é uma grade oportunidade estar devolvendo os resultados das pesquisas que estão acontecendo em toda a Amazônia para a comunidade. É muito importante que esteja acontecendo aqui no Amapá, que tem mais de 700 sítios arqueológicos já identificados e pouquíssimas pessoas do estado tem esse conhecimento", destacou Silva.
Formação de jovens pesquisadores
A ampliação da atuação dos arqueólogos demanda o aprofundamento das novas gerações no debate sobre a proteção e a valorização do patrimônio amazônico. Os simpósios temáticos da reunião são apresentados por estudantes na área da arqueologia como uma oportunidade de inserção em debates com pesquisadores mais experientes.
Mestrando em antropologia na Universidade Federal do Pará (UFPA), Antônio Guimarães, apresentará durante a programação o simpósio de coleções arqueológicas no contexto amazônico. O estudante veio até o Amapá para encontrar áreas semelhantes da sua pesquisa feita em Belém.
"Vim no evento para comunicar o meu trabalho, conhecer mais sobre a arqueologia do Amapá e me aprofundar um pouco na temática da arqueologia amazônica. Encontrar pares que estão pesquisando o mesmo assunto que eu para dialogar e trocar conhecimento", disse empolgado o jovem pesquisador.
Graduanda de arqueologia pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Tainá Neres, participa pela 2ª vez do SAB Norte. Com a pesquisa que aborda a criação de animais pelos indígenas de Santarém no contexto da afetividade e não alimentação, a estudante busca engajar profissionais mais experientes para desenvolver mais estudos sobre a temática.
"A minha expectativa é trazer este conhecimento para o pessoal já mais velho na arqueologia e ver qual o retorno que eles podem me dar. Com a reunião nós podemos ter um panorama geral das pesquisas que estão sendo realizadas pelos nossos colegas. Existe ciência e bons pesquisadores no Norte", ressaltou Tainá.
Lara Passos conta que muitos pesquisadores de fora conhecem o material do Norte, mas não são alinhados com a pesquisa e os moradores da região. Para ela, que é pós-graduanda na Universidade Federal de Minais Gerais, prestigiar o encontro no Museu Sacaca é uma forma de quebrar a visão hegemônica do eixo Sul e Sudeste sobre a Amazônia.
"Ter acesso as pessoas e as pesquisas diretamente fazem com que a gente consiga pensar a arqueologia diferente, pois não tem como a gente construir um ambiente mais diversos sem produzir essa diversidade com as pessoas que compõe esse ambiente”, afirmou Lara.
Pesquisadores internacionais
O debate da arqueologia na Amazônia interessa não só os pesquisadores da região, mas de outros países também. Pesquisador e professor na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, Kevin McDaniel, espera coletar o máximo de informações da região amazônica para ampliar seus conhecimentos.
"Especialmente aqui na Amazonia nós trabalhamos em colaboração com a população indígena para descolonizar a história da arqueologia. Os estudos da arqueologia amazônica podem mudar o diálogo com o resto mundo”, expressa McDaniel.
Pesquisadora do Instituto Max Planck, na Alemanha, Nägele Kathrin é especialista em estudo de antropologia evolutiva e genética. A alemã tem sua pesquisa voltada as comunidades coloniais do Caribe e veio até o Amapá para ampliar seus conhecimentos e investigar possíveis conexões arqueológicas entre as regiões caribenhas e amapaenses.
“Vim até aqui para aprender mais sobre as conexões das comunidades do Caribe com as comunidades do Amapá. Estou interessada em compreender como os oceanos conectam as populações e como podemos desafiar as velhas narrativas e percepções do passado”, explica Kathrin.
O encontro contou com o apoio das secretárias de Estado da Comunicação (Secom), Turismo (Setur), Ciência e Tecnologia (Setec) e de Cultura (Secult).
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