Desfile cívico estudantil é marcado pelo resgate histórico e cultural do 'Amapá 80 Anos'
Alunos de 57 escolas estaduais desfilaram no Sambódromo enaltecendo a memória do povo amapaense, nesta quarta-feira, 13.
Programação do Governo do Amapá reuniu mais de 4 mil estudantes da rede estadual de ensino
Com o tema "Amapá 80 Anos", mais de 4 mil de estudantes, de 57 escolas da rede estadual, desfilaram no Sambódromo de Macapá, nesta quarta-feira, 13. O Governo do Estado realizou o evento, que marca a retomada do tradicional desfile cívico na avenida Ivaldo Veras, resgatando a importância histórica do Amapá.
Durante a programação as unidades de ensino participantes apresentaram características culturais e sociais do povo amapaense. A comemoração relembra e celebra o processo de formação política do Amapá, desde a criação da capitania do Cabo Norte, passando a Território Federal, até a transformação em estado.
Os estudantes fizeram um desfile temático, homenageando também as instituições que defendem as fronteiras do estado, como a Marinha, Exército e Aeronáutica. A iniciativa buscou valorizar a trajetória de construção da identidade desde os primeiros moradores da região.
Gláucia Cardoso, administradora, funcionária pública, de 50 anos, moradora do bairro Renascer, veio com a filha prestigiar o evento e falou da representatividade que a volta do Desfile significa.
"Esse é o resgate da nossa história, das nossas origens. Esse ato cívico valoriza a população amapaense e mostra a importância de preservar e manter viva as nossas tradições culturais", destacou Gláucia.
Contexto Histórico
A trajetória de criação do Território passa pelo contexto histórico no qual prevalecia no Brasil, a política de Getúlio Vargas que governou o país de 1930 a 1945 e usava a prerrogativa de defesa nacional.
Desde o século XVII a região do Amapá foi anexada ao Grão-Pará e permaneceu tutelada pelo estado paraense até 13 de setembro de 1943, quando por meio do decreto 5.812 do então Governo Getúlio Vargas, foi o criado o Território, e a tutela das terras amapaenses passou para o Governo Federal.
No contexto internacional ocorria a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o Governo brasileiro, aliado dos Estados Unidos da América (EUA), defendia uma política de combate às pretensões dos avanços nazistas na região amazônica.
No Brasil, vigorava o Estado Novo (1937-1945), ditatorial, com a premissa de promover a segurança nacional. No contexto regional, acontecia a queda da exportação de borracha e essa decadência fez com que as atenções do Pará para o Amapá diminuíssem, e assim o Governo Federal tomou ainda mais para si a administração da região, que culminou com a descoberta de reserva de manganês em Serra do Navio.
Wander Nascimento, historiador e servidor público, enfatizou que essa transformação vai muito além de uma questão política e nesse cenário, de descaso por parte do Pará, com ausência de políticas públicas e razões econômicas, foi criado o Território Federal do Amapá que permaneceu nessa condição até 1988 quando foi transformado em Estado.
"Antes da criação do território federal, o Amapá era considerado uma região interiorana, vulnerável, com apenas três municípios, Macapá, Mazagão e Amapá, não havia energia elétrica, saneamento básico e a economia era basicamente de subsistência. Ao deixar de pertencer ao Pará, a região continuou sem autonomia política, sendo inclusive o primeiro governador, Janary Nunes, indicado pelo Governo Federal, mas a partir daí, o território passou por uma série de obras estruturantes, construção de escolas, de ruas, prédios públicos, ganhando nova configuração, dando início a um processo de desenvolvimento", explicou o historiador.
Memória cultural
Os estudantes trouxeram para a avenida um pouco das memórias que devem ser preservadas porque representam as tradições históricas dos amapaenses. As escolas públicas da rede estadual apresentaram características culturais e sociais.
A programação da Semana da Pátria, coordenado pela Secretaria de Educação (Seed), que iniciou com o desfile de 13 de setembro, segue nesta quinta-feira, 14, e sexta-feira, 15, em São Joaquim do Pacuí e Santo Antônio da Pedreira, respectivamente.
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