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‘Poeta do cais e das borboletas’, Alcy Araújo é um dos homenageados pela 1ª Folia Literária Internacional do Amapá

Evento celebra a literatura e a poesia, reunindo escritores de várias partes do Brasil e do mundo, a partir de sexta-feira, 27. 

Por Cristiane Nascimento
26/10/2023 14h00

Alcy Araújo dedicou a maior parte da vida à arte da escrita

Conhecido como o ‘poeta do cais, dos anjos, das borboletas, do jardim clonal e de tudo o que merece ser amado’, Alcy Araújo construiu uma jornada literária e intelectual marcada por uma dedicação excepcional à arte da escrita, sendo o único poeta do Norte do Brasil a integrar a “Grande Enciclopédia Brasileira Portuguesa”, editada em Lisboa.

O escritor será um dos homenageados na 1ª Folia Literária Internacional do Amapá, realizada pelo Governo do Estado, a partir desta sexta-feira, 27. O evento celebra a literatura e a poesia, reunindo escritores de várias partes do Brasil e do mundo com uma programação diversificada, no Parque do Forte, na orla de Macapá, até domingo, 29, Dia Nacional do Livro. 

O espaço terá um memorial em homenagem a Alcy Araújo e ficará disponível durante os três dias da Folia, no estande da biblioteca pública Elcy Lacerda para apreciação do público. O acervo literário será disponibilizado pela família e ficará à disposição dos visitantes durante todos os dias do evento, das 9h às 23h. O mesmo memorial também homenageará o poeta Ivo Torres. 

A administradora Alcilene Cavalcante é filha de Alcy Araújo e teve o privilégio de vivenciar de perto a arte e o talento do poeta. Ela destaca os sentimento em relação a esse grande momento cultural que o Amapá vive.

“Sinto uma mistura de orgulho e emoção. Emoção por ver meu pai e outros poetas serem homenageados. E orgulho por ver meu estado homenageando poetas, escritores, fazendo um grande evento literário e promovendo cultura”, finalizou Alcilene.

Poeta das borboletas

Nascido no distrito de Peixe-Boi, no Pará, em 1924, o poeta Alcy Araújo teve a infância marcada por mudanças constantes, pois sua família se transferiu para Belém quando ele ainda era criança. O talento literário floresceu desde cedo, levando-o a se dedicar ao jornalismo. 

Ainda em terras paraenses  trabalhou como repórter, articulista, redator e chefe de reportagem nos principais jornais do Pará, incluindo a Folha do Norte, O Estado do Pará e O Liberal. Em 1953, ele se casou e mudou-se para Macapá, onde seguiu com a carreira literária e jornalística e trabalhou em diferentes jornais impressos, emissoras de rádios, inclusive a Rádio Difusora, e como redator do Gabinete do Governador. 

Com o tempo, Alcy descobriu que sua verdadeira vocação era a poesia e construiu um vasto acervo literário. Sua poesia transmite a beleza da natureza, a complexidade das emoções humanas e a riqueza da cultura amapaense. 

Suas palavras revelaram uma conexão profunda com a terra, a dor dos aflitos e a esperança que, muitas vezes, parece inútil para os desesperados como ele retratou nos versos de um dos seus poemas ‘Canto a terra, a dor dos aflitos e a inútil esperança dos desesperançados’.

No mundo da poesia, ele alcançou reconhecimento nacional e internacional. Seus livros, como ‘Autogeografia’, ‘Poemas do Homem do Cais’ e ‘Jardim Clonal’, são testemunhos de sua maestria poética. Sua partida em 1989 não silenciou sua voz, pois deixou inéditos vários livros, incluindo ‘Ave Ternura’, ‘Histórias Tranquilas’, ‘Cartas pro Anjo’, ‘Mundo Partido’, ‘Terra Molhada’ e muitos outros.

Sua poesia era um reflexo de sua alma pura e cheia de esperança. Ele usou sua arte para lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. Alcy Araújo Cavalcante, ‘o poeta do cais e das borboletas’ continua a inspirar e a encantar com suas palavras que devem ser conhecidas por essas e pelas futuras gerações.

Para o sociólogo João Milhomem, um dos curadores da Folia, homenagear Alcy Araújo significa manter viva a memória de um homem que ajudou a construir a cultura do estado.

"Essa é uma oportunidade de trazer para a nossa sociedade a obra de um dos nossos principais escritores, que dedicou a maior parte da vida à arte. Organizamos esse memorial pensando em fazer esse resgate, como um marco inaugural da literatura no Amapá e como referência para as gerações de escritores que seguiram seus passos”, concluiu Milhomem

Contribuição

A paixão pelas artes levou Alcy Araújo a lutar pela criação da Escola de Artes Cândido Portinari e do Teatro das Bacabeiras. Junto com outros notáveis do cenário cultural amapaense, como Álvaro da Cunha e Ivo Torres, Alcy promoveu clubes de arte e apoiou diversos artistas locais. 

Folia Literária

O evento representa a primeira grande iniciativa em uma década para valorizar a literatura, o livro e a leitura no Amapá, coordenada pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) como parte da celebração dos 80 anos de criação do ex-Território Federal do Amapá.

Na curadoria do evento estão ainda outros nomes da literatura amapaense, como Joãozinho Gomes, José Inácio Vieira e Yurgel Caldas. A programação inclui, ainda, shows musicais, saraus, oficinas, palestras e disciplinas culturais no Parque do Forte. 

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