Governador Clécio Luís visita empresa com modelo inovador de manejo florestal sustentável, em Mazagão
O Projeto Agroextrativista Maracá é constituído por base comunitária, beneficiando cerca de 1,2 mil famílias da região.
Como um exemplo de sucesso, o plano de manejo foi apresentado na COP 28, em Dubai, para mais de 190 paises
O governador, Clécio Luís, visitou as instalações da empresa TW Forest/Ecoforte Bioenergia, que executa o maior plano de manejo florestal sustentável do Brasil, com o "Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Maracá", no município de Mazagão, para ouvir as experiências dos moradores e dialogar futuras ações de fortalecimento a bioeconomia, como a produção da castanha.
Há 4 meses, o projeto ganhou a Autorização de Exploração Florestal (Autex), emitida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) após tratativas com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O manejo é totalmente diferente do desmatamento. É a seleção, de forma inteligente e organizada, do uso da floresta dentro da legalidade. No Maracá são beneficiadas 1,2 mil famílias que usam a mata para a própria sobrevivência.
São 162 mil hectares para manejo sustentável com a preservação de várias espécies, entre elas, um angelim-vermelho de 83 metros de altura e 8 metros de circunferência. A árvore, com aproximadamente 600 anos, é considerada a 4ª maior do Brasil e está inventariada com outros 150 tipos presentes na floresta do Amapá.
Acompanharam a visita na segunda-feira, 22, o senador Davi Alcolumbre, um dos articuladores do projeto, e o CEO da Rede Amazônica, Phellipe Daou. Na ocasião, o diretor da empresa, Welinton Conci, apresentou a estrutura do assentamento. O método eficaz foi exemplo durante a participação do Amapá na COP 28, a conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU).
Para o governador do Amapá, Clécio Luís, o modelo representa a possibilidade de olhar a Amazônia não só a partir do seu ativo florestal, mas, principalmente, das pessoas que moram na floresta.
"Não podemos ver a Amazônia apenas pela copa das suas árvores, mas sabendo que aqui moram pessoas, que querem e desejam viver bem e ver o horizonte no futuro. Podemos replicar esse modelo, tanto no setor florestal quanto em outras áreas dessa bioeconomia. Nós podemos incentivar atividades sustentáveis com base comunitária, garantindo a permanência das famílias nas suas áreas e gerando riqueza, emprego, renda e desenvolvimento”, destacou o governador.
Amapá como referência no manejo florestal
O modelo inovador, onde a maior porcentagem do valor da madeira retirada é revertida em benefícios para a comunidade chama a atenção por ser único no mundo. Como medida compensatória, 98% são destinados ao pagamento do Bolsa Floresta no valor de R$ 1,058, permitindo renda para as famílias do assentamento.
Para o senador Davi Alcolumbre, o projeto está mudando efetivamente a vida das pessoas na comunidade do Maracá, apresentando um caminho econômico e sustentável que serve de exemplo para o Brasil e outros países.
"Nós estamos também dando exemplo para o mundo que fala em sustentabilidade, fala em preservação, mas fala também de desenvolvimento econômico, justiça social e de diminuição das desigualdades. Isso tudo está sintetizado nesse projeto do PAE Maracá, atendendo mais de mil famílias com essa receita mensal, fora os mais de 600 empregos diretos, fora os empregos indiretos que essa engrenagem está gerando na vida das pessoas", afirmou o senador.
O CEO da Rede Amazônica, Phelippe Daou, ressaltou a importância do diálogo entre a iniciativa privada e o Governo do Estado para a efetivação de projetos que mostrem resultados à população e tragam oportunidade de desenvolvimento, que em muitos casos não ocorre por falta de apoio.
"A nossa empresa acredita no desenvolvimento da Amazônia a partir das pessoas, a partir de um olhar sobre as pessoas. É isso que está acontecendo aqui. E os resultados, dentro da nossa visão, são os melhores possíveis e com potencial grande de outros bons resultados virem, porque aí um projeto atrás do outro, como é o caso do asfaltamento da rodovia, dos novos empreendimentos na comunidade, enfim, as pessoas se animam", pontuou o empresário.
Mudando vidas
O Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Maracá tem a previsão de ser executado por mais 14 anos. A cada final de mês, é injetado cerca R$ 1 milhão na economia de Mazagão, com o pagamento da Bolsa Floresta, que tem previsão de aumentar o valor este ano para R$ 1,4 mil, além de mais empregos diretos e indiretos para a comunidade.
Morador do Maracá há 14 anos, Wekcson Arruda, que trabalha como atendente de restaurante, conta que o plano de manejo foi um marco para a comunidade e abriu portas para outras matrizes econômicas além do extrativismo. Para ele, existe um Maracá antes e depois do plano de manejo.
"Antes desse projeto, a gente não tinha expectativa de economia, tirando o extrativismo que a gente ganhava muito pouco, com muito trabalho. Hoje a comunidade tem uma base mais que sustentável, não é desmatar, mas sim crescer a economia, trazer melhorias de vidas para mim, para os nossos pais, filhos e netos. Então, eu vejo as pessoas comprando aqui na nossa comunidade, coisa que não acontecia há um bom tempo. Foi uma melhora muito grande pra gente", conta o morador de 29 anos.
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