‘São 242 anos de resistência’, afirma historiador sobre Fortaleza de São José de Macapá
Amiraldo dos Santos, de 58 anos, destaca a representatividade do monumento com o passar das décadas.
Local é aberto para visitas de terça a domingo, das 8h às 17h
A Fortaleza de São José, maior fortificação do Brasil, completa 242 anos de existência na terça-feira, 19. Localizado às margens do Rio Amazonas, o monumento histórico é um dos cartões postais mais importantes do Amapá. O historiador Amiraldo Silva dos Santos, de 58 anos, trabalha no local desde 1997, e avalia as mudanças da ocupação do espaço com o passar do tempo.
Construída para proteger as fronteiras do “Cabo Norte”, como era conhecido o Amapá no período colonial, a Fortaleza de São José é a única deste tipo no Brasil e a maior construída pelos portugueses na América do Sul. Junto com outras 18 fortificações deste período - 16 ao longo da costa e outras duas na fronteira continental -, ela ajuda a contar a história da formação territorial do país e da ocupação europeia na América.
“A Fortaleza foi erguida com o propósito de impedir a penetração dos ingleses e franceses pelo interior do Brasil, através do Rio Amazonas. Não podemos minimizar o processo de dor e escravidão que aconteceu aqui, mas é uma história que evidencia o processo de miscigenação que aconteceu em nosso estado, reunindo as identidades culturais que nos tornaram o que somos hoje”, reforça Santos.
Inaugurada no dia 19 de março de 1782, a Fortaleza de São José ocupa uma área extensa de quase 30 mil metros quadrados, sendo um dos mais antigos pontos turísticos da capital amapaense. A fortificação foi tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) em 22 de março de 1950, em um ato de reconhecimento a sua importância histórica e arquitetônica.
Em 2007, o local se tornou um museu. Nos dias atuais, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) é o órgão público responsável pelo monumento. Conservação do patrimônio
O processo de tombamento pelo poder público institui diversas condicionantes para garantir a integridade da edificação, como limitação de visitantes, preservação da identidade visual da fachada, e estudos específicos para serviços como pintura e reparos estruturais.
“A Fortaleza de São José sensibiliza e mobiliza as pessoas a compreenderem e a desenvolverem a importância da preservação da história e da cultura de uma cidade, de um país e da humanidade. São 242 anos de resistência de indígenas e negros, e sabemos que nossa cultura é majoritariamente formada por estes povos”, completa Amiraldo.
A gerente do Museu da Fortaleza, Flávia Souza, explica a necessidade da representatividade dos povos originários do estado, assim como dar novos usos e significados ao espaço.
"Precisamos garantir visibilidade aos indígenas e afro-brasileiros dentro da engrenagem do monumento. No passado, tanto no processo construtivo como na formação da identidade cultural do povo amapaense e amazônico; no presente, considerando a pouca representatividade destes no discurso museológico atual; e futuro, já vislumbrando novas formas de representações destes povos", ressaltou Flávia.
Candidatura a Patrimônio da Humanidade
A relevância da fortificação nacional e internacional, rendeu a candidatura ao título de Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Segundo a gerente do museu da Fortaleza de São José, Flávia Souza, foi essa candidatura, ainda em 2017, que evidenciou a necessidade do restauro.
"Começaram os movimentos em 2017 com a candidatura da Fortaleza a Patrimônio, mas para ser candidata ela precisava passar por todo esse processo de revitalização. Então, em 2020, começaram os movimentos vindo do Governo do Estado, para esse aporte financeiro que ela recebeu do BNDES, agora com esse restauro, a expectativa é que ela alcance esse título", explica Flávia.
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