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Governo do Amapá celebra 242 anos da Fortaleza de São José de Macapá com música e exposições artísticas

Público acompanhou o evento que valorizou a cultura popular amapaense.

Por Eduardo Belfort
20/03/2024 08h00

Programação especial valoriza a cultura popular e as raízes históricas do estado

A Fortaleza de São José de Macapá completou 242 anos na terça-feira, 19, e, para celebrar o aniversário do monumento, o Governo do Amapá realizou uma programação especial que valoriza a cultura popular e as raízes históricas do estado. Uma missa conduzida pelo bispo Dom Pedro José Conti abriu o evento, que também contou com exposições artísticas, de plantas ornamentais e medicinais, roda de capoeira e muita dança, com o grupo Banzeiro do Brilho de Fogo. 

Construída para proteger as fronteiras do “Cabo Norte”, como era conhecido o Amapá no período colonial, a Fortaleza de São José é a única deste tipo no Brasil e a maior construída pelos portugueses na América do Sul. O monumento ajuda a contar a história da formação territorial do país e da ocupação europeia no Novo Mundo. 

A acadêmica de Letras Thamillys Moraes, de 20 anos, conta que ela e os amigos trouxeram duas pessoas de Costa do Marfim e Benim, na África, para passear pela cidade, e é claro que a maior fortificação do Brasil não poderia ficar de fora do passeio cultural.

“Hoje, por conta do feriado, trouxemos dois amigos estrangeiros para conhecer os pontos turísticos de Macapá, e a programação nos motiva a explorar, conhecer mais sobre a história do lugar e suas curiosidades. É importante haver esse entendimento do que este lugar representou um dia, mas que hoje tem novos usos e acolhe a todos”, afirma Thamillys. 

Plantas e artesanato indígena

Quem participou da programação, pôde conhecer o trabalho do grupo de artesãos indígenas ‘Tudo com Arte’, que traz exposição de brincos, pulseiras, colares, cuias e outras peças produzidas pelos povos originários. Os itens são referentes às etnias Tiriyó e Kaxuyana, Apalai e Waiana, Galibi Marworno e Palikur.

O jovem Amataré Apalai, de 19 anos, pertence ao povo Apalai Waiana. Para ele, expor as peças em um monumento histórico durante uma data festiva é uma oportunidade de reconhecimento.

“Agora, aqui dentro, temos visibilidade para expor e contar a nossa história. Todo esse artesanato foi a gente que fez, e é muito bom ver todo mundo vindo, olhando e comprando”, afirma Apalai. 

O historiador da Fortaleza de São José de Macapá, Amiraldo dos Santos, explica que o monumento foi erguido com o propósito de impedir a penetração dos ingleses e franceses pelo interior do Brasil através do Rio Amazonas, e que hoje o local adquire novos significados.

“Não podemos minimizar o processo de dor e escravidão que aconteceu aqui, mas é uma história que evidencia o processo de miscigenação que aconteceu em nosso estado, reunindo as identidades culturais que nos tornaram o que somos hoje”, reforça Santos.

Exposição de artes

Para as pessoas interessadas em artes plásticas, não faltou diversidade. O público pôde ver de perto a venda e exposição da Galeria de Artes Samaúma, com quadros de mais 30 autores, e do artista plástico Keka Cantuária.

As obras foram feitas em homenagem à Fortaleza de São José de Macapá, com lindas paisagens e representações da edificação, além de pinturas que remetem aos povos originários do estado do Amapá.

A gerente do Museu da Fortaleza, Flávia Souza, explica a necessidade da representatividade dos povos originários do estado, assim como dar novos usos e significados ao espaço.

"Precisamos garantir visibilidade aos indígenas e afro-brasileiros dentro da engrenagem do monumento. No passado, tanto no processo construtivo como na formação da identidade cultural do povo amapaense e amazônico; no presente, considerando a pouca representatividade destes no discurso museológico atual; e futuro, já vislumbrando novas formas de representações destes povos", ressaltou Flávia.

Fortaleza de São José de Macapá

Inaugurada no dia 19 de março de 1782, a Fortaleza de São José ocupa uma área extensa de quase 30 mil metros quadrados, sendo um dos mais antigos pontos turísticos da capital amapaense. A fortificação foi tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) em 22 de março de 1950, em um ato de reconhecimento a sua importância histórica e arquitetônica.

Em 2007, o local se tornou um museu. Nos dias atuais, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) é o órgão público responsável pelo monumento.

 

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