‘O Turé é uma das riquezas da nossa ancestralidade’, diz pajé dos povos Karipuna em momento histórico no Marco Zero do Equador
Claudemir Karipuna, de 28 anos, é pajé da Aldeia Manga, na Terra Indígena Uaçá, em Oiapoque, e participou do encontro com o governador Clécio Luís.
A celebração é tradicional das etnias Galibi, Galibi-Marworno, Karipuna e Palikur
Como parte da programação do Governo do Amapá, o “Abril da Resistência Indígena” trouxe representantes dos povos do estado e Norte do Pará para celebrar o momento histórico e inédito de diálogo realizado com o governador Clécio Luís. Com o Turé no Meio do Mundo, festejo tradicional de algumas etnias do norte do Amapá, o Dia dos Povos Indígenas teve seu ponto alto na noite de sexta-feira, 19, no monumento do Marco Zero do Equador, em Macapá.
O evento festivo contou com a presença de cerca de 90 caciques e cacicas, alunos da Escola Estadual Indígena Jorge Iaparrá e do governador do estado, Clécio Luís, que reafirmou o compromisso com os povos originários. Na ocasião, a data foi lembrada não somente como uma celebração da cultura, mas para reafirmar a resistência e a luta por reconhecimento. O Pajé Claudemir Karipuna, 28 anos, líder espiritual da Aldeia Manga, na Terra Indígena Uaçá, explica que o Turé é um momento festivo de comemoração, de resistência e de agradecimento aos Karuãna, considerados espíritos da floresta.
“O Turé é uma das riquezas da nossa ancestralidade, significa um momento de festa, de agradecimento, de cura, de fazer o bem a alguém. Todos os anos é comemorado a dança do Turé em agradecimento. Neste momento comemoramos a resistência e já são 524 anos de luta, de gritar e dizer que nossos direitos não podem ser violados, por isso esse momento histórico aqui no Meio do Mundo. Eu como ser espiritual, estou aqui para gritar também com meu povo, junto com os espíritos Karuãnas e dizer que estamos numa luta por respeito e melhorias”, relatou Claudemir. Turé
A celebração do Turé é um dos principais símbolos da identidade de comunidades indígenas do rio Uaçá. A dança ancestral tem um significado cultural e religioso para as etnias Galibi, Galibi-Marworno, Karipuna e Palikur, distribuídas em aldeias do município do Oiapoque. Tradicionalmente, a celebração é realizada na época da abertura das roças e início do plantio e marcou, nesta sexta, a entrega de mais de 100 mil sementes de maniva para as regiões afetadas por pragas no último ano.
Organizada pelos antigos pajés, a celebração serve para a comunidade indígena comemorar, retribuir a cura de doenças e agradecer a produção de alimentos que se inicia. Durante a celebração os adultos consomem o caxixi, um tipo de bebida artesanal à base de mandioca sempre preparado pelas mulheres indígenas.
Com uma população de 1,9 mil pessoas distribuída em quatro aldeias, a comunidade da etnia Karipuna é a maior da região a celebrar o Turé. A religiosidade do grupo indígena se relaciona com santos da Igreja Católica e com seres sobrenaturais chamados de Karuãna. Na etnia Galibi-Marworno, eles são considerados espíritos que auxiliam os pajés nos rituais de cura.
A dança do Turé também é encontrada em algumas aldeias da etnia Palikur. Cerca de 800 pessoas pertencem a essa etnia. Provenientes da Guiana Francesa, os Galibi do Oiapoque celebram em comemoração ao cultivo familiar de produtos como mandioca, cará, batata e milho.
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