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ENSINO MODULAR

'Levar esperança para esses alunos é gratificante', diz professor do ensino modular durante encontro pedagógico

Marlon Carlos Thomaz Pereira, de 44 anos, atua há três na modalidade e destaca a importância da ação, que exige uma adaptação constante dos docentes.

Por Breno Pantoja
08/02/2025 11h00
Marlon Pereira, de 44 anos, atua há três no ensino modular

Levar educação a regiões remotas do Amapá é um compromisso com a transformação social. O Governo do Estado, no Encontro Pedagógico do Sistema Modular de Ensino (Some), reuniu 560 professores da rede estadual na última quarta-feira, 5, sendo 380 do ensino fundamental e 180 do ensino médio, para debater metodologias e estratégias para fortalecer a educação nas comunidades ribeirinhas e do campo. A ação foi realizada no Sebrae, em Macapá.

Professor de Geografia há 14 anos, Marlon Pereira, de 44 anos, atua há três no ensino modular e participou do evento. No último período letivo, lecionou na Escola José Oliveira Coelho, em São Benedito do Pacuí, e destacou que o modelo de ensino exige uma adaptação constante dos docentes.

“O encontro pedagógico é fundamental para aprofundarmos conhecimentos e planejarmos de forma integrada, já que viajamos juntos para essas comunidades. O ensino modular tem uma dinâmica muito peculiar: em um momento estamos em um município, no outro módulo já estamos em outro, bem distante. Costumamos brincar que é como se fosse um ‘Big Brother’ a cada módulo, porque trabalhamos com diferentes colegas, em realidades completamente diversas”, comparou Pereira.

Evento reuniu 560 professores do ensino modular

O evento contou com palestras e momentos formativos voltados à valorização docente, infraestrutura escolar e a realidade dos alunos atendidos pelo ensino modular. Entre os temas abordados, a saúde mental dos professores foi um dos destaques, considerando que esses profissionais passam longos períodos longe da família, enfrentando dificuldades estruturais e emocionais no dia a dia da profissão, durante o período letivo.

“Há estudantes que caminham quilômetros para chegar à escola, atravessam igarapés ou enfrentam períodos de seca na maré, tendo que andar no meio do mangue. Eles chegam cansados, mas estão lá, porque sabem que a educação pode abrir portas para um futuro melhor e o único meio que pode transformar vidas”, ressalta o educador.

A evasão escolar durante o período da colheita do açaí é outro problema enfrentado pelos professores. Muitos alunos deixam de frequentar as aulas para ajudar a família, porque a renda dessa época garante o sustento do ano inteiro. Para Marlon, é necessário ser compreensivo e buscar formas de manter esses jovens nas escolas.

Educação como ferramenta de transformação

Outro educador que participou do encontro foi Franque Silva, de 53 anos. Também professor de Geografia, lecionou no último ano letivo na Escola Estadual São Tomé do Apurema, no distrito de Tartarugalzinho. Com experiência no ensino modular, ele reforça que, apesar das dificuldades, o modelo é essencial para garantir o acesso à educação e promover oportunidade para alunos das comunidades isoladas.

“Muitas pessoas que passaram pelo modular hoje são professores, diretores, servidores públicos. Se não fosse essa modalidade, dificilmente teriam acesso ao ensino médio. O que fazemos não é apenas dar aulas, é garantir um futuro para esses alunos” pontuou Franque.

Franque da Cruz Silva, no Encontro pedagógico do Some

Diante dessas dificuldades, o Encontro Pedagógico também proporcionou um espaço para discutir a saúde mental dos professores. Longos períodos longe da família, isolamento em comunidades e a pressão de ensinar em condições adversas são desafios que impactam diretamente o bem-estar dos educadores.

A pedagoga e especialista em gestão, Antonina Oliveira, ministrou a palestra "Vida Modular, Emoções Reais: Como Manter a Saúde Mental e o Bem-Estar Longe de Casa". A atividade iniciou com um momento de relaxamento e trouxe reflexões sobre estratégias para o equilíbrio emocional dos professores, que atuam no sistema de rodízio muitas vezes afastados de suas famílias durante o período letivo. 

“A gente sabe que a missão é difícil, mas gratificante. No final das contas, o que nos motiva é levar esperança para esses alunos, que muitas vezes estão desassistidos”, finaliza Marlon.

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ÁREA: Educação