Ciclo do Marabaixo: Almoço dos Inocentes marca um dos momentos mais emocionantes da programação apoiada pelo Governo do Amapá
A programação dedicada às crianças aconteceu simultaneamente em quatro barracões tradicionais. Na quinta-feira, 19, acontece a 1ª Corrida do Ciclo.

O Almoço dos Inocentes marcou um dos momentos mais emocionantes da programação do Ciclo do Marabaixo 2025, no domingo, 15. Apoiada pelo Governo do Amapá, a programação dedicada às crianças aconteceu simultaneamente nos barracões Berço do Marabaixo, Associação Zeca e Bibi Costa (Azebic) e Raízes da Favela, na zona urbana, e na Casa Grande, na região rural de Macapá. A simbologia traz consigo histórias de fé e graças alcançadas após promessas feitas à Santíssima Trindade. Não se trata de um simples ritual, mas de um legado ancestral.
No Berço do Marabaixo, o almoço surgiu com a dona Gertrudes Saturnino, uma das precursoras da tradição do marabaixo, que fez uma promessa à Santíssima Trindade para que a filha, Natalina Costa, pudesse ser mãe, após dificuldade para completar as gestações. Se a graça fosse alcançada, a matriarca prometeu realizar anualmente o Ciclo do Marabaixo na Favela e o almoço para as crianças, para simbolizar a pureza dos pequeninos e prestar homenagem à Santa Ceia de Jesus Cristo e à Santíssima Trindade.

Natalina deu à luz a 12 filhos, formando uma família que até os dias de hoje é uma das que protagonizam a luta pela manutenção da tradição do marabaixo. Hoje, filhos, netos, bisnetos e tataranetos de Gertrudes continuam o legado da matriarca.
“Hoje, as gerações que sucederam Natalina mantêm viva a tradição deixada pela matriarca Gertrudes, num ato de amor à filha. Uma mistura de fé, tradição e resistência”, diz Valdinete Costa, um dos 12 filhos de Natalina.
Na avenida Mendonça Furtado, no bairro da Favela (Santa Rita), a pequena Yohana Sofia, de dois anos, chama a atenção brincando sorridente pela casa. A marabaixeira Priscila Costa, avó da criança, conta que ela nasceu prematura, aos seis meses de gestação e pesando apenas cerca de setecentos gramas.

“Com um ano os médicos diagnosticaram que ela não falaria, não andaria e talvez não conseguisse se comunicar, ainda podendo parar de respirar a qualquer momento. Foi aí que, mais uma vez, pedi à Santíssima Trindade que envolvesse a minha netinha naquilo que fosse possível, pois eu precisava ouvir a voz dela e sentir o seu abraço. E Sofia contrariou a todos os médicos, mas não a mim, pois quando eu dobrei meus joelhos e dediquei minhas orações à Trindade, eu esperava tudo de melhor”, relembra Priscila.
Foi nesse período que ela resolveu pegar a bandeira e realizar o Marabaixo em honra à Santíssima Trindade como forma de devoção e gratidão. A programação do Ciclo do Marabaixo 2025 continua na quinta-feira, 19, com a 1ª Corrida do Cilclo e o Marabaixo de Corpus Christi e encerra no domingo, 22, o “Domingo do Senhor”, com as derrubadas dos mastros nos barracões e a escolha dos festeiros para o ano seguinte.
Ciclo do Marabaixo 2025
Em 2025, o Ciclo do Marabaixo celebra o centenário de Benedita Guilherma Ramos, a "Tia Biló", matriarca do marabaixo do Laguinho, falecida em 2021, aos 96 anos. O investimento para o festejo é de R$ 2,5 milhões, fruto de recursos do Tesouro Estadual e de emenda destinada pelo senador Randolfe Rodrigues.
A programação é realizada pelas famílias tradicionais do Amapá, é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde novembro de 2018. Essa manifestação típica reúne danças de roda, percussão, cantigas que relatam o cotidiano da população quilombola amapaense, somadas às festas do catolicismo popular, e inicia sempre no Sábado de Aleluia e se estende até o domingo seguinte a Corpus Christi, este ano, de 19 de abril a 22 de junho.
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