Festa de São Tiago: encenação da batalha pelas crianças marca o encerramento do evento tradicional apoiado pelo Governo do Amapá
Foram 12 dias de programação gratuita que marcaram os 248 anos da festividade na Vila de Mazagão Velho.

A encenação da batalha entre mouros e cristãos pelas crianças marcou o encerramento da Festa de São Tiago, apoiada pelo Governo do Amapá, na segunda-feira, 28. Os pequenos repetiram o teatro a céu aberto que os adultos fizeram dois dias antes pois, um dia, elas serão responsáveis de manter a tradição que se mantém há 248 anos.

Sob supervisão da Cavalaria de São Tiago, foram encenados episódios como a descoberta e morte do Atalaia, Armadilha, o roubo das crianças, dentre outros. Como figuras principais, os irmãos Davi Pinheiro, de 14 anos, vivendo São Tiago e Lucas Davi Pinheiro, de 11 anos, no papel de São Jorge, além de Guilherme Jacarandá, de 14 anos, no papel do Atalaia e Adam Joaquim de Lima, de apenas três anos, como o Menino Caldeirinha.


A mãe dos meninos que interpretaram São Tiago e São Jorge é a policial militar Roberta Pinheiro. Ela conta que o momento é resultado de uma promessa da avó, Margarida Pinheiro, moradora de Mazagão Velho, falecida há 20 anos.
“Ela sempre sonhou em ver a família vivendo as figuras principais da festa das crianças. Hoje, mesmo após sua partida, estamos enfim cumprindo sua promessa e honrando seu legado”, relata Roberta.

Presente na festividade, a secretária de Estado da Cultura, Clicia Vieira Di Miceli, destaca o investimento do Governo do Estado na Festa de São Tiago, mas em especial aos dois dias dedicados às crianças. A gestora reforça que investir na festa dos pequenos é garantir a perpetuação da tradição.

“A festa das crianças é um capítulo muito especial da tradição. Antes, a comunidade de Mazagão Velho relatava que as estruturas eras desmontadas após a festa dos adultos. Nossa gestão, sob a liderança do governador Clécio Luís, mudou essa realidade. Agora, as crianças recebem as roupas, os chapéus, capacetes e os cavalinhos de buriti para as encenações”, assinala a secretária.

Este ano, cerca de 250 crianças de 15 comunidades como Campina Grande, Alto Pirativa e Maruanum e de grupos de marabaixo prestigiaram o último dia de Festa de São Tiago “mirim”. Além de assistir às encenações, puderam fazer perguntas aos narradores sobre o enredo da festividade.

A diretora-presidente da Fundação Marabaixo, Josilana Santos, descreve o momento como o dia em que as crianças do batuque e marabaixo encontraram as crianças do Vominê, a dança tradicional mazaganense.
“As crianças de outras comunidades vieram a Mazagão e logo nossa ideia é levar as crianças daqui para conhecer as outras comunidades. É o poder público promovendo a integração cultural das comunidades, isso desde a infância”, comemora Josilana.

Tradição apoiada pelo Governo do Estado

A Festa de São Tiago, que acontece anualmente de 16 a 28 de julho, mistura rituais religiosos, cavalhadas e teatro a céu aberto para contar a aparição de Tiago como um soldado anônimo, que lutou ao lado dos cristãos na batalha contra os mouros. Durante esse período, a habitualmente pacata vila de Mazagão Velho recebe milhares de visitantes para prestigiar os festejos.
A programação é realizada pela comunidade, através do Instituto Cultural, com apoio do Governo do Estado e Prefeitura de Mazagão. Este ano, a mais tradicional manifestação cultural e religiosa do Amapá completa 248 anos.
Sede do Governo do Amapá
Pelo terceiro ano consecutivo, a sede administrativa do Governo do Estado foi transferida, de maneira simbólica, para a Vila de Mazagão Velho, assim como aconteceu nos anos de 2023 e 2024. No período da festa, as decisões e atos do executivo estadual foram tomados e assinados no Palácio Rio Mutuacá, espaço físico construído para essa finalidade e utilizado pelo Município durante o ano.
Tradição que veio da África
Trazida da África no século 18, a Festa de São Tiago remonta à fundação da Vila de Mazagão Velho pela Coroa Portuguesa, no ano de 1770. Na cidade, as batalhas entre mouros e cristãos começaram a ser encenadas em 1777, como forma de resgatar a memória do "Mazagão original", uma colônia portuguesa no Marrocos desativada e transferida para o Amapá.
Todos os anos, a tradição movimenta a vila durante 12 de dias de programação, que inclui a parte religiosa, cultural, festas dançantes, além de atrações artísticas durante o dia, no balneário às margens do Rio Mutuacá, além dos shows nacionais.
O momento mais aguardado da festa é a parte teatral, nos dias 24 e 25 de julho, quando acontecem as representações das batalhas entre os mouros e cristãos. São diversos episódios e personagens para recontar, todos os anos, uma história de fé e heroísmo; difícil o espectador não se encantar com a "Entrega dos Presentes”, o “Baile de Máscaras”, a passagem do “Bobo Velho”, o início da Guerra, a descoberta e morte do Atalaia, a tomada do Estandarte, o Rei Caldeira, o Menino Caldeirinha e as figuras de São Tiago e São Jorge, que consolidam mais de dois séculos e quatro décadas de fé e devoção.
Festa exclusiva para as crianças
Durante os dias 27 e 28 de julho, as crianças têm uma festa protagonizada só por elas. Os pequenos repetem os rituais feitos pelos adultos dois dias antes, como forma de aprenderem a tradição que um dia será responsabilidade delas perpetuarem.
A Festa de São Tiago dos inocentes também conta com as figuras de São Tiago, São Jorge, Atalaia, Menino Caldeirinha e os mouros e cristãos. Elas encenam os episódios "montadas" em cavalinhos de miriti e enfeitados com papel de seda, confeccionados especialmente para os pequenos "cavaleiros".
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