Detran desarticula esquema fraudulento operado por redes sociais
As investigações deverão continuar para saber se há o envolvimento de funcionários do órgão no esquema.
O coordenador de Atendimento do Detran, Edivaldo Pascoal, e o diretor do Detran, Inácio Maciel, esclareceram detalhes do caso em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 18
Na manhã desta quinta-feira, 18, o diretor do Departamento de Trânsito do Amapá (Detran), delegado Inácio Maciel, participou de uma coletiva com a imprensa para dar informações mais detalhadas sobre as investigações que resultaram na prisão de quatro pessoas acusadas de integrar uma quadrilha, que utilizava perfis falsos em redes sociais, passando-se por funcionários do Detran para aplicar golpes.
As investigações iniciaram-se há dois meses e culminaram com o flagrante ocorrido na tarde desta quarta-feira, 17, em uma residência localizada no bairro Pacoval, zona norte de Macapá. O diretor relatou que, em fevereiro deste ano, o Detran já havia alertado a sociedade sobre uma quadrilha que estaria tentando aplicar golpes através das redes sociais, passando-se por funcionários do órgão.
“Os acusados criaram perfis falsos no Facebook, WhatsApp e enviavam mensagens para várias pessoas oferecendo serviços do órgão em troca de vantagens financeiras”, relatou Inácio.
A quadrilha, presa esta semana, continuava utilizando do mesmo sistema, porém dessa vez de forma mais ousada. “Eles usaram fotografias de um sargento e um tenente da Polícia Militar cedidos ao Detran para aplicar os golpes”, destacou Maciel, acrescentando que os envolvidos têm relação direta com presos de dentro do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen). “Até onde apuramos, não há envolvimento de funcionários, mas as investigações continuam”, esclareceu.
Até o momento, 25 vítimas dos falsários já foram identificadas e as prisões só foram possíveis porque uma delas foi até o Detran para certificar se, realmente, a pessoa da mensagem trabalhava no órgão. “A vítima veio até o Detran e, aqui, acabou descobrindo que havia caído em um golpe. Foi então que ela informou que iria até um endereço indicado pelo falsário, onde repassaria o valor cobrado”, informou o diretor do Detran.
Outras pessoas acabaram realizando depósitos em contas bancárias para o pagamento dos supostos serviços, que seriam contratados. Algumas realizaram depósitos de até R$ 8 mil em contas que elas não sabem a quem pertenciam.
O golpe
O esquema funcionava da seguinte maneira: o falsário entrava em contato com as vítimas, via mensagem, informando que já havia resolvido os problemas do veículo da pessoa no Detran. Alguns minutos depois, enviava nova mensagem dizendo ter sido um engano. A quadrilha oferecia, então, soluções para problemas com Carteira Nacional de Habilitação, liberação de veículos, cancelamentos de multas, entre outros.
O coordenador de Atendimento do Detran, sargento da Polícia Militar Edivaldo Pascoal, disse ainda que as investigações iniciaram-se quando chegou a ele a informação de que um golpe estava sendo aplicado por alguém, que estaria usando uma foto de um antigo funcionário que trabalhava com serviços de guincho. “Diante dessa situação, fiz o relatório e encaminhei ao diretor que repassou às autoridades policiais para abertura de investigação”, relatou.
Foi durante essa investigação que o coordenador descobriu que a quadrilha usava uma foto dele no perfil falso com o nome do antigo funcionário.
Ele destacou, ainda, que a participação da vítima que o procurou foi fundamental para as prisões. “Até então, nós estávamos rastreando os telefones e as contas bancárias. Só que esses criminosos mudavam de telefone todo dia, e isso estava dificultando as investigações. Além disso, as contas usadas eram de várias pessoas diferentes, inclusive de beneficiários do Bolsa Família e contas poupança com pouco movimento”, comentou.
Provas
Diante das evidências do estelionato, o diretor do Detran explicou que foram abertos vários procedimentos que apontavam as infrações e foram encaminhados à polícia. “Durante as prisões foram coletados celulares, onde haviam mensagens trocadas entre os envolvidos e outras pessoas. Esses aparelhos foram encaminhados para a perícia. Há também outras provas mas que, neste momento, não podemos citar para não atrapalhar as investigações”, declarou.
Mesmo diante das prisões, as investigações continuam. O Detran utiliza, atualmente, um sistema que exige senha, logo, as pessoas com acesso também serão investigadas para saber se alguém utilizava o sistema para obter informações sobre as vítimas e assim aplicar o golpe. “O que estamos investigando é se alguém, que detém essa senha, se utilizou disso para obter informação ou sobre veículo, ou sobre uma situação irregular de alguém e com isso obter vantagem ilícita”, explicou.
Controle
O diretor Inácio ressaltou que o órgão tem tomado medidas para coibir situações ilícitas que possam envolver o departamento e que, para isso, tem atuado em conjunto com a Delegacia de Trânsito (Deatran) como também com a Promotoria de Investigações Cíveis e Criminais. Aliado a isso, foi criado o grupo de monitoramento e de acompanhamento de todas as ações realizadas pelo órgão e foi justamente esse grupo que descobriu a atuação da quadrilha presa esta semana.
“O grupo se reúne semanalmente e, quando existe um alerta de qualquer irregularidade que esteja ocorrendo dentro do órgão, monitora a situação, faz o acompanhamento e o que for apurado é repassado para as autoridades competentes”, ressaltou.
Recomendações
O Departamento Estadual de Trânsito recomenda que, se algum cidadão for assediado em qualquer situação envolvendo algum tipo de serviço do órgão, procure o departamento. O diretor esclarece, ainda, que nenhum servidor do Detran está autorizado a receber qualquer valor ou taxa em espécie e que esses procedimentos são realizados através de boleto bancário.
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