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Propriedade em assentamento pode virar modelo para a piscicultura do Amapá

Produção é de 18 toneladas por ano, mas pode dobrar com ajuda do poder público.

Por Redação
19/05/2017 20h12

Edio Pereira recebeu a visita da comitiva que avaliou o modelo de produção e as possibilidades de incentivo ao piscicultor

Localizada a 300 km de Macapá, a Chácara Viva Brasil, no Assentamento Nova Vida, no município de Tartarugalzinho, pode se transformar no modelo amapaense de uma das atividades rurais e econômicas que mais tem crescido no Estado nos últimos dois anos, a piscicultura.

A propriedade foi visitada nesta sexta-feira, 19, por gestores estaduais dos setores produtivo, econômico, meio ambiente, ordenamento territorial, ciência e tecnologia, e de fomento, além de representantes de instituições financeiras e órgãos federais ligados ao segmento. A visita técnica foi articulada pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR).

Atualmente, o lugar concentra a maior produção de peixes em cativeiro do Amapá: 18 toneladas por ano, que abastecem os mercados de Tartarugalzinho e dos municípios vizinhos Ferreira Gomes e Porto Grande, e a capital Macapá, quando é feita uma encomenda. Dos 17 tanques saem Tambaquis – espécie preferida entre os piscicultores amapaenses –, Matrinchãs, Curimatãs, Piauçu e, agora, a mais recente aposta: o Pirarucu, espécie escolhida com interesse nos mercados internacionais.

Contar a história da Chácara Viva Brasil é contar a história do produtor rural Edio Pereira, que começou as atividades no campo com fretes para escoamento da produção agrícola da região até a capital, Macapá. Logo ele percebeu que o setor produtivo era sua praia, ou melhor, o seu campo. Com economias dos fretes, Pereira conseguiu comprar o pedaço de terra, que em dois anos, viraria a Chácara Viva Brasil.

No início, os negócios com a pecuária não deram muito resultado. “Criação de gado é uma atividade que requer muita área limpa e, em assentamento, não se pode desmatar muito”, relembra o produtor. Mas Edio queria ser dono de seu próprio negócio. Não desistiu. Então percebeu que precisava de uma atividade que ocupasse menos espaço. “Eu pensei: ‘já que não pode arrumar espaço para os lados, a gente pode arrumar pra baixo. Cavando, a gente consegue’. E aí que surgiu a ideia dos tanques para criação de peixes”, conta.

Além de muito estudo sobre o segmento, o que o impulsionou o início da criação de peixes na chácara foi o que hoje Edio considera a peça fundamental para ele elevar a produção a nível de exportação, mas que não tem mais acesso: as linhas de crédito. “No início, consegui dois financiamentos no Basa [Banco da Amazônia] que deram um empurrão. Mas, agora, para produzir em alta escala, é preciso um investimento maior, que eu não consigo ter acesso por causa da documentação do terreno”, lamenta.

O entrave enfrentado por Edio é o mesmo de centenas de outros produtores rurais do Amapá, explica o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Hélio Dantas. Segundo ele, enquanto a questão fundiária não é efetivamente solucionada no Amapá, a saída para produtores é buscar suporte financeiro disponíveis no Estado, como o Fundo de Desenvolvimento Rural do Amapá (Frap) e linhas de financiamento na Agência de Fomento do Amapá. Além disso, trabalhar em conjunto com os Institutos de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá (Imap) e de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para acelerar a regularização fundiária dessas propriedades.

“Hoje, a Afap tem R$ 19 milhões em linhas para o setor produtivo. O Basa tem R$ 170 milhões. Mas existe este problema das terras não regularizadas. O que pretendemos fazer é chamar o Incra, no caso dos assentamentos, e levar o Imap, no caso das propriedades do Estado, para os próximos encontros que teremos junto aos produtores. Porque teremos outras reuniões como esta para conhecer de perto o problema dos nossos produtores”, destacou o secretário Dantas.

Modelo

Durante a visita, surgiu a ideia de transformar a Chácara Viva Brasil em um modelo para a piscicultura amapaense. A proposta, aprovada por todos os participantes, foi do secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, Robério Aleixo.

Para isso, representantes das entidades que visitaram a propriedade vão se unir para criar um projeto. “A chácara do Edio é um espelho que reflete não somente o potencial do segmento da piscicultura, mas também as dificuldades dos produtores deste ramo. Podemos agregar conhecimento tecnológico a essa produção da Chácara Viva Brasil e fazer dela um modelo para estímulo da atividade no Estado”, propôs Aleixo.

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