Apreensões de carga evitam entrada clandestina de produtos no Amapá
Na última fiscalização, 31 mil pacotes de cerveja foram retidos
Nas últimas quatro semanas, seis apreensões de grande porte foram feitas por fiscais da Receita e da Fazenda no Distrito Industrial, principal porta de entrada de produtos do Estado.
Os investimentos em tecnologia feitos pelo governo no sistema de arrecadação do Estado começaram a dar resultados. As melhorias de informatização e controle eletrônico implementadas pelas Secretarias de Receita (SRE) e da Fazenda (Sefaz) estão possibilitando que o fisco local bloqueie a entrada de produtos clandestinos no Amapá, cuja circulação causa evasão de divisas, concorrência desleal de mercado e pode até provocar danos à saúde pública.
Nas últimas quatro semanas, seis apreensões de grande porte foram feitas por fiscais da Receita e da Fazenda no Distrito Industrial, principal porta de entrada de produtos do Estado. Na última, ocorrida no fim de semana passado, três carretas carregavam 31 mil caixas de cerveja e um contêiner abarrotado de artigos para vestuário sem nota fiscal.
As confecções estavam camufladas em meio a uma outra mercadoria – de leite em pó – que tinha documentação fiscal, mas escondia a carga irregular. Os materiais apreendidos e os responsáveis pelo transporte da carga foram encaminhados à Delegacia Fazendária. O Ministério Público Tributário também foi avisado.
De acordo com a secretária de Receita Estadual, Neiva Nunes, a fiscalização tem dado o ‘bote certeiro’ graças aos recursos empregados para que a Receita e a Fazenda alcancem o padrão nacional dos fiscos estaduais. Os investimentos incluem capacitação de servidores e implantação de softwares específicos, que permitem o monitoramento de compras e trânsito de produtos com o objetivo de evitar perdas de arrecadação.
Um destes dispositivos tecnológicos é o Manifesto Eletrônico de Documento, o MDF-e, que consegue identificar cargas que entrem irregulares no Estado. Segundo a secretária, essas mercadorias clandestinas causam desfalques no fisco do Estado, que deixa de recolher tributos como o ICMS e Imposto de Renda, entre outros. “Quando uma carga dessas entra no Estado sem nota fiscal, ela não tem registro, isso significa que ela será vendida clandestinamente no mercado local”, explicou a secretária.
O MDF-e faz o cruzamento de informações da origem de cada transporte e cada mercadoria, assim, quando surge uma inconsistência, os fiscais entram em cena. Através do sistema, o fisco local consegue ter um registro das compras feitas em qualquer lugar do país e então monitora os produtos que entrarão no Amapá. “Agora nós temos um controle em nível nacional. O sistema MDF aponta quando uma nota fiscal de compra tem como destino o Estado do Amapá. Assim, a receita pode ter o controle e recolher o imposto sobre aquela compra”, destaca a secretária.
Para ela, a entrada e comercialização clandestina de produtos no Estado possui dois aspectos preocupantes. O primeiro é o criminal. Conforme Neiva Nunes, a irregularidade configura crime contra a ordem econômica e tributária. Além disso, quando um carregamento não possui nota fiscal, não há como saber se ele está vinculado a outros crimes, como roubo de cargas, lavagem de dinheiro ou vínculo com o tráfico de drogas. Outro aspecto é o sanitário. Como as autoridades não têm como saber a origem da carga, não existem informações sobre os processos de fabricação, o que é inseguro para a saúde pública.
A secretária também ressalta que a circulação de produtos irregulares gera distorções econômicas no mercado local incidentes nos contribuintes regularizados, que acabam sofrendo uma concorrência desleal. “O imposto acaba ficando apenas para o Estado que produziu e não fica nada para o Estado onde o produto circula. O grande prejudicado acaba sendo a população, pois se o Estado não arrecada, não tem como investir em serviços como educação e saúde, por exemplo. O poder público depende da arrecadação para fazer investimentos. Além, disso, essa clandestinidade ainda compromete a iniciativa privada que, diante de uma concorrência desleal, muitas vezes se vê obrigado a fechar as portas”, analisou Neiva Nunes.
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