Culto ecumênico marca abertura da 3ª Virada Afro Cultural em Santana
Evento conta com o apoio do Governo do Amapá e visa celebrar a cultura negra do Estado, além de incentivar a geração de emprego e renda.
Líderes religiosos de diferentes crenças abençoaram a cidade de Santana e a 3ª Virada Afro
Um culto celebrado por líderes religiosos de diferentes crenças marcou a abertura da 3ª Virada Afro – Circuito Cultural Amapá Afro, nesta sexta-feira, 29, no município de Santana, a 17km de Macapá. O evento ocorre no período de 29 de junho a 1º de julho e tem como objetivo valorizar a cultura afrodescendente do Estado e fortalecer a economia local através do empreendedorismo.
A 3ª Virada Afro acontece ao longo da Avenida Santana, uma das principais vias do município, e reúne um extenso corredor de gastronomia, exposições de literatura, ações educativas, palestras, feira de empreendedorismo e atrações musicais em dois palcos.
As edições anteriores do evento ocorreram na orla da capital amapaense, durante os meses de julho e dezembro de 2017. A ação é fruto de uma parceria entre Governo do Amapá, por meio da Secretaria Extraordinária de Políticas para Afrodescendentes (Seafro), e Fundação Cultural Palmares, além do apoio da Prefeitura de Santana. Os recursos financeiros ultrapassam R$ 3 milhões e foram garantidos por emenda do deputado federal Marcos Reátegui com contrapartida do governo estadual.
Durante o culto ecumênico, os religiosos dançaram ao som de batuques característicos a religiões de matriz africana para abençoar a cidade de Santana e desejar o bom andamento da 3ª Virada Afro. A mãe de santo amapaense Katia de Obaluê ressaltou que visualiza a oportunidade como uma forma de valorização da cultura. “Nosso desejo aqui é celebrar a união, a paz e o amor entre os povos”, disse.
Para o pastor Edson Oliveira, que atua em uma congregação de Santana, o momento traz respeito à diversidade e às minorias religiosas. “Muita gente pensa que predomina o desentendimento entre nós, evangélicos e praticantes de religiões de matriz africana. Na verdade é o contrário: nós amamos, respeitamos e participamos dos debates que eles realizam. Estamos aqui para fortalecer este laço porque a Bíblia diz que devemos amar ao próximo”, disse o pastor.
O deputado federal Marcos Reátegui esteve presente na abertura da 3ª Virada Afro. Ele contou que, além de proporcionar momentos como o culto ecumênico, o evento traz incentivo para a economia de Santana. “Esta é uma das maiores vitrines culturais do Brasil. Nossa ideia é fortalecer esta proposta e atrair turistas de outras partes do país e do mundo para conhecer toda a riqueza que o Amapá possui”, destacou.
O titular da Seafro, Aluizo de Carvalho, representou o governador Waldez Góes durante a abertura da 3ª Virada Afro. Para ele, o evento é uma forma de valorizar a cultura da população negra do Amapá, que possui 258 comunidades quilombolas.
“Por muitos anos esta parcela da população ficou alheia aos debates sobre desenvolvimento, agora ela tem a oportunidade de participar deste processo. Aqui também temos o fortalecimento da economia santanense por meio do empreendedorismo”, disse o gestor.
O presidente da Fundação Palmares, Erinaldo Oliveira, enfatizou que a 3ª Virada Afro Cultural é também uma forma de combater o racismo, a intolerância religiosa e de promover o desenvolvimento social. “Por isso nós temos aqui ações como cursos de fotografia, oficina de elaboração de projetos e a realização de um seminário para discutir as consequências do racismo. O que esperamos é que o público desfrute dessas oportunidades, além de prestigiar as atrações musicais”, afirmou Oliveira.
Geração de emprego e renda
A Virada Afro incentiva o empreendedorismo com a venda de produtos como artesanato, roupas e alimentos, sempre inserindo e priorizando os afrodescendentes. Em um ano e meio, durante as três edições da ação, cerca de duzentos empreendedores tiveram a oportunidade de vender seus produtos.
A artesã Marlene de Paula, 43 anos, participa pela terceira vez da Virada Afro, vendendo itens como brincos e colares fabricados com escamas e couro de peixes amazônicos e de sementes de frutos regionais, como açaí e jupati.
“Na primeira noite de evento eu já consegui vender vários artigos, principalmente brincos”, comemorou. Marlene conta que, desde 2015, se dedica somente ao artesanato e que o público - inclusive estrangeiros - tem uma boa aceitação dos produtos fabricados por ela.
Outra artesã que participou da primeira noite do evento foi Raimunda Coutinho, 52 anos, que, acompanhada do filho – Leandro, 20 anos – vende bonecas de pano e artigos de decoração. Natural de uma comunidade quilombola do distrito de São Pedro dos Bois, em Macapá, ela disse que participou de todas as edições da Virada Afro.
“É um orgulho fazer parte deste evento que é uma celebração à nossa cultura! Para mim, é uma oportunidade de fazer com que as pessoas conheçam nosso trabalho. Eu já vendi algumas bonecas e aceitei várias encomendas de pessoas que gostaram dos artigos e querem algo mais personalizado, isto apenas na primeira noite”, frisou a artesã.
A 3ª Virada Afro também garante mais movimento aos estabelecimentos comerciais da Avenida Santana, como é o caso de um estabelecimento que funciona como bar e lanchonete, administrado pelo empresário Miraci Abreu, 54 anos.
“Já percebo que todo esse movimento trouxe um aumento na clientela. Afinal, quem não gosta de se reunir com amigos em espaço confortável para beber e comer tendo este espetáculo ao fundo? A sensação de segurança também aumenta, eu espero que continue assim nos próximos dias”, relatou.
Atrações culturais e musicais
Quem prestigia a 3ª Virada Afro pode assistir a atrações nacionais e locais em dois palcos que compõem a estrutura do evento. Durante a noite de abertura, no Palco 1, o público curtiu show da banda baiana Olodum, que trouxe sucessos como “Vem meu amor” e “Requebra”.
Outro artista que animou a noite foi o cantor Zé Miguel com músicas já conhecidas pelos amapaenses, como “Pérola Azulada”. Enquanto isso, no Palco 2, se apresentavam grupos folclóricos de diversas comunidades do Amapá, como Raízes do Marabaixo Infantil, grupo do município de Mazagão.
A cabelereira Daniele Pontes, 31 anos, é moradora de Santana e aproveitou o evento para assistir ao show de Zé Miguel na companhia do namorado Bruno Silva, 26 anos. “É minha primeira participação em um uma Virada Afro, percebo que se trata de um evento diferenciado. Tem entretenimento, mas também tem valorização da cultural local, por isso achei muito interessante. Nossa cidade estava precisando de algo desse nível”, observou Daniele.
A professora Monica Ramos, 56 anos, saiu de Macapá para prestigiar a programação. Para ela, a Virada Afro é um momento de celebração da cultura afro.
“Como negra, me sinto orgulhosa em ver tantos elementos que fazem parte da nossa história. Isto é representatividade”, registrou a professora.
A programação cultural do sábado, 30, a partir das 18h, terá grupos culturais e, a partir das 22h, a presença das cantoras Naná Martins, de Alagoas, e Grazzi Brasil, ex-participante do programa The Voice Brasil, da Rede Globo. No domingo, 1º de julho, último dia da 3ª Virada Afro, a cantora baiana Margareth Menezes encerra a programação.
O Governo do Estado garante a presença da Policia Militar e do Corpo de Bombeiros durante os três dias de evento.
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