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16 Dias de Ativismo: Governo do Amapá promove encontro de mães de crianças com espectro autista

O encontro faz parte da programação pelo fim da violência contra as mulheres, coordenada pela Secretaria de Políticas para Mulheres.

Por Alice Palmerim
07/12/2023 09h00

A Lei nº 12.764 que trata sobre a política nacional de proteção das pessoas com aspecto autista.

O Governo do Estado promoveu um encontro com mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) para falar das experiências de vida e sobre os direitos previstos em lei para este público. A oficina terapêutica "Mães Atípicas" reuniu na quinta-feira, 7, cerca de 20 mulheres e faz parte da campanha "16 Dias de Ativismo", coordenada pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SEPM).

As atividades de combate à violência contra as mulheres, têm como objetivo conscientizar todos os segmentos, e as mães atípicas é um deles.

"Os 16 Dias de Ativismo é uma campanha global que o Amapá promove por meio de ações para que as mulheres acessem seus direitos, entre eles, estão os das mães atípicas que precisam de políticas públicas que atendam suas necessidades e por isso estamos ouvindo-as para formular, posteriormente, um programa para que possamos atende-las", enfatizou a secretária de Políticas para as Mulheres, Adrianna Ramos.   

A ideia de envolver as mães de crianças autistas partiu da técnica da SEPM, Noelma Raiol, que descobriu há 6 meses o diagnóstico de TEA no filho de 15 anos.

"É uma emoção muito grande poder fazer parte desse momento, reunir pessoas que sentem as mesmas dores. Essa troca de experiências de vida nos ajuda a seguir em frente, porque nossos filhos precisam de nós, mas nós precisamos estar bem para ajudá-los", disse Noelma.

Por ser um espectro, o que significa que não há um único padrão de sintomas, as pessoas com autismo podem apresentar diferentes níveis de gravidade dos sintomas, que podem variar ao longo do tempo. Popularmente os níveis são conhecidos por graus leve, moderado e severo.

Quando há alguma suspeita é importante fazer a investigação, tanto em crianças como nos adultos também, como explica a psicóloga, Iolane Teixeira, que há 13 anos trabalha com o diagnóstico precoce e no suporte de familiares, inclusive com o projeto Arco-íris, que tem um ano de atuação.

"Uma dica importante é sempre procurar um profissional especializado, uma rede de apoio eficiente ou um projeto que possa te orientar de maneira adequada", alertou a profissional.

O autismo tem como característica o comprometimento na comunicação e interação social, associado a padrões de comportamento restritivos e repetitivos. Porém, é importante ressaltar que em caso de suspeita, a investigação deve ser feita inicialmente pelo neuropediatra, no caso de crianças nos primeiros anos de vida, e o psiquiatra no caso de adultos. 

Uma das mães participantes do encontro foi a Milena Matos, com dois filhos autistas, de 8 e 12 anos de idade. "Achei fundamental a Secretaria das Mulheres fazer esse acolhimento para nós, tanto as mães com filhos 'laudados', quanto as que estão descobrindo agora, porque é um caminho para ser seguindo", desabafou.

A psicóloga, Ronilda Fernandes Nogueira de Souza, fez um relato emocionante de quando recebeu o diagnóstico de autismo dos três filhos. "O que digo para outras mulheres que recebem o diagnóstico dos filhos, é que nenhum autista é igual ao outro, que ao receber o resultado, ela se permita chorar até a fase da aceitação, porque toda dor passa. É importante levantar a cabeça, olhar para frente, pois o seu filho precisa de você", ressaltou a profissional.

No final do encontro, o assessor jurídico da SEPM, Abrahão Jara, discorreu sobre os direitos das pessoas com espectro autismo e demais condições como a oposição desafiante, déficit de atenção com hiperatividade, baseado na Lei nº 12.764 que trata sobre a política nacional de proteção das pessoas com aspecto autista.   

"O primeiro passo de uma 'mãe atípica' é procurar um Centro de Referência de Assistência Social [Cras] para fazer a investigação e posteriormente, procurar também a direção escolar para ter acesso à educação inclusiva. Recomendo a leitura da Lei 12.764 para que mais pessoas saibam como proceder para garantir os direitos assistênciais, inclusive a lei prevê como crime quem deixa de cumprir e descriminar as pessoas com aspecto autista", alertou o assessor jurídico.

Emocionada, a participante Darcy Dias, que tem o filho de 3 anos diagnosticado com o TEA, falou da satisfação em participar do encontro. "Temos falta de espaços para que possamos falar com outras mães, olhar nos olhos. Quando falamos com outras 'mães atípicas', trocamos informações de onde encontrar apoio, direitos civis, direito à educação, à saúde. Com o apoio do advogado que também é um pai atípico, isso fez muito a diferença, eu me senti acolhida", disse Darcy.

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