Além do desconforto em utilizar as balsas, a espera na travessia poderia durar até duas horas nos dias mais movimentados
Aposentada Sebastiana Martins: por conta do desconforto, evitava sair de Mazagão
O balseiro Juracy Palheta está nos últimos dias de serviço na balsa que faz travessia no rio Matapi. Com a proximidade da inauguração da Ponte da Integração Washington Elias dos Santos, que ocorrerá na segunda-feira, 12, o trabalhador lembra momentos vividos no transporte.
Palheta trabalha para a empresa que presta serviços para a Secretaria de Estado de Transportes do Amapá (Setrap). Foram quase dois anos de trabalho e muitas histórias para contar. “Uma grávida teve o bebê dentro da ambulância ainda na balsa. Também vi pessoas passando mal na fila”, lembra o balseiro.
Na travessia, um dos passageiros era o mazaganense Aderio dos Santos, auxiliar de serviços gerais que antes trabalhava em Macapá, mas saiu do emprego e começou a trabalhar em Mazagão. Um dos motivos para a mudança era o fato de não ter hora certa para chegar, pois dependia do tempo de espera da balsa.
“Eu precisava fazer o percurso todos os dias. Saía às 7h e só retornava às 22h. Nem sempre chegava na hora certa e ainda tinha o transtorno de descer da van, ir para a balsa, depois subir no veículo novamente”, recorda o passageiro.
A expectativa do passageiro é que com a inauguração da ponte da Integração, também ocorram melhorias no transporte. Além dele, a aposentada Sebastiana Martins também estava na balsa. Essa foi uma das raras travessias que ela fez. Devido ao desconforto e espera, a aposentada evitava sair de Mazagão. “Tudo que eu pudesse fazer em Mazagão eu fazia, só para não ter que esperar pela balsa”, informou.
Juracy conta, ainda, como é acompanhar essa parte da rotina das pessoas e sabe a importância da balsa para cada passageiro. “Sei a importância do meu trabalho e da necessidade da balsa. Não carregamos apenas pessoas, são histórias de vida. Muitos precisam trabalhar, estudar e às vezes perdem aula ou chegam atrasadas, pois ficam na fila esperando”, disse.
O carinho e sensibilização com os estudantes tem um motivo, o balseiro não teve oportunidade de estudar e admira o esforço das pessoas que saem de Mazagão para ter uma formação. “Essa ponte é importante para eles. Vai melhorar a vida de todo mundo. Tenho orgulho de fazer parte dessa história trabalhando nas balsas, mas aqui encerro minha missão. É hora de seguir novos rumos”, afirmou.
A Ponte da Integração coloca um fim em 50 anos de travessia feita por balsas, no Rio Matapi. Além de melhorar o escoamento das produções agrícola, artesanal e extrativista do município de Mazagão e do Sul do Estado, a ponte vai permitir um serviço fundamental para o desenvolvimento econômico do Amapá, com base nas indústrias da Zona Franca Verde (ZFV).
Siga o Canal do Governo do Amapá no WhatsApp
Fique por dentro das notícias do Governo do Amapá no ==> Instagram e Facebook.
Tá no ZAP ==> Entre no grupo de WhatsApp e receba notícias em primeira mão aqui!