‘A ancestralidade nos une’, diz Carlinhos Brown na retirada dos mastros no Curiaú durante o Ciclo do Marabaixo 2025
Multiartista inicia uma série de visitas pelos barracões onde acontece a programação apoiada pelo Governo do Amapá.

Foi ao rufar das caixas e ao balançar das bandeiras que os sete grupos culturais receberam o embaixador do Marabaixo, o multiartista Carlinhos Brown, para a retirada dos mastros nas matas do quilombo do Curiaú, na manhã deste sábado, 24. O ritual marca um dos pontos altos da programação do Ciclo do Marabaixo, apoiada pelo Governo do Amapá.
Momento de união e confraternização, a retirada dos mastros reuniu integrantes dos grupos tradicionais Berço do Marabaixo, Raimundo Ladislau, Marabaixo do Pavão, Associação Zeca e Bibi Costa (Azebic), União Folclórica da Campina Grande e Santíssima Trindade de Casa Grande. Além do fazer cultural, há o lado da conscientização ambiental pois, para cada árvore retirada, uma muda da mesma espécie é plantada como uma forma de preservar a natureza e reafirmar o respeito às matas – esse momento foi protagonizado pelas crianças.

Carlinhos Brown se juntou aos festeiros para adentrar uma área de mata às margens da Rodovia AP-070. Foi onde cada grupo escolheu a árvore para o corte e a posterior confecção de um dos elementos mais importantes da cultura marabaixeira; o multiartista descreveu o momento como preservação da maior identidade cultural do povo amapaense.
“O Ciclo do marabaixo, com seus sete festeiros, tem um significado enorme para o Brasil, que passa a conhecer melhor o Amapá e sua riqueza histórica e cultural. Passa a conhecer o doutor Sacaca, seus remédios e suas curas, que deixou um legado enorme sobre o conhecimento das ervas e da importância de preservar [a floresta] e as tradições. A ancestralidade nos une e esse momento é prova disso”, destacou Carlinhos Brown.

O artista inicia uma série de visitas pelos barracões, nas zonas urbana e rural de Macapá, onde acontece a programação do Ciclo. Para a diretora-presidente adjunta da Fundação Marabaixo, Laura Silva, preservar o marabaixo é valorizar a nossa tradição maior e o legado de nossos antepassados.
“O Marabaixo não é só cultura e tradição, mas é também resistência. A resistência de homens e mulheres que doaram suas vidas e através de seus legados nos permitiram chegar até aqui”, refletiu Laura.

De acordo com a secretária de Estado da Cultura, Clicia Vieira Di Miceli, investir e apoiar o Ciclo do Marabaixo é um compromisso do Governo do Estado com a preservação, valorização e difusão dessa expressão cultural que representa a identidade e a resistência do povo amapaense.

“Cada etapa que compõe a ritualística do Ciclo do Marabaixo, como a tradicional Retirada dos Mastros, é parte indissociável desse patrimônio imaterial do Amapá. Investir e apoiar essa manifestação é, acima de tudo, um compromisso da política de gestão do Governo do Amapá para a preservação, valorização e difusão de uma expressão que traduz a alma, a identidade e a resistência do povo amapaense, que carrega a memória ancestral de comunidades e ao longo dos séculos, mantêm viva essa tradição. Nosso papel é assegurar que essa riqueza cultural continue sendo celebrada, fortalecida e transmitida às futuras gerações”, destacou a gestora.
Ainda neste sábado, as caixas rufam no barracão Berço do Marabaixo, na Favela (bairro Santa Rita). A partir das 17h, o Cortejo do mastro pelas principais vias do bairro. Já no domingo, 25, o cortejo acontece pela manhã nos barracões Mestre Pavão, Azebic, Raimundo Ladislau e Raízes da Favela, com rodas de marabaixo pela noite para coroar e fechar o dia.

Ciclo do Marabaixo 2025
Em 2025, o Ciclo do Marabaixo celebra o centenário de Benedita Guilherma Ramos, a "Tia Biló", matriarca do marabaixo do Laguinho, falecida em 2021, aos 96 anos. O investimento recorde para o festejo é de R$ 2,5 milhões, fruto de recursos do Tesouro Estadual e de emenda destinada pelo senador Randolfe Rodrigues.
A programação é realizada pelas famílias tradicionais do Amapá, é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde novembro de 2018. Essa manifestação típica reúne danças de roda, percussão, cantigas que relatam o cotidiano da população quilombola amapaense, somadas às festas do catolicismo popular, e inicia sempre no Sábado de Aleluia e se estende até o domingo seguinte a Corpus Christi, este ano, de 19 de abril a 22 de junho.
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