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Ciclo do Marabaixo 2024 inicia com exaltação a fé e a resistência do povo negro amapaense

Com apoio do Governo do Amapá, a programação festiva iniciou neste sábado, 30, e se estende até 2 de junho.

Por Kelison Neves
31/03/2024 00h39

Ciclo do Marabaixo 2024 inicia com muita alegria e animação nos barracões.

Com o toque ritmado das caixas e no bailado das saias floridas, as festividades do Ciclo do Marabaixo 2024, maior expressão cultural do estado, iniciaram neste Sábado de Aleluia, 30, com apoio do Governo do Amapá, nos barracões dos grupos tradicionais de Macapá. A programação integra o Plano de Governo de valorização do setor cultural e das manifestações tradicionais.

CONFIRA AQUI A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO CICLO DO MARABAIXO

Com o tema: “O rufar dos tambores para além da tradição”, as celebrações que promovem um verdadeiro encontro de gerações e reúnem a comunidade em momentos de fé e resistência, seguem até o dia 2 de junho, “Domingo do Senhor”, o primeiro após o Corpus Christi. O primeiro dia do evento foi marcado pelo encontro de gerações que seguem mantendo vivas e fortalecendo as tradições do Marabaixo.

No Barracão da Tia Gertrudes, no bairro Santa Rita, os descendentes de Gertrudes Saturnino, que dá nome ao espaço, se reuniram para festejar. A coordenadora do grupo, Valdinete Costa, celebrou o início da programação com toda família, filhos, netos e irmãos.

“É muito bom estar aqui, em mais um Ciclo do Marabaixo, com toda família reunida, cheios de fé, gratidão e amor pela nossa cultura. Ver as novas gerações engajadas, desde cedo, com o movimento do Marabaixo nos incentiva e faz com que a gente continue perpetuando a nossa tradição”, disse Valdinete.

Na avenida Mendonça Furtado, as caixas rufaram no Barracão da Dica Congó, sede do grupo Raízes da Favela, irradiando animação e alegria. Para a técnica em enfermagem Daiane Braz, de 35 anos, participar a cada ano do Ciclo do Marabaixo é uma sensação gratificante.

“É uma grande satisfação estar mais um ano participando, mais um ano festejando e manifestando a nossa cultura e tradição, que é a maior expressão cultural que o estado tem”, ressaltou a marabaxeira.

A abertura do Ciclo do Marabaixo 2024 também contou com celebrações nos barracões da Casa Grande, no Curiaú, e em Campina Grande. Este ano a festividade é coordenada pelos grupos Berço do Marabaixo, Raízes da Favela (Dica Congó), Marabaixo do Pavão, Raimundo Ladislau, União Folclórica de Campina Grande (UFCG) e Santíssima Trindade, da comunidade de Casa Grande.

A programação segue neste domingo, 31. Desta vez, as caixas rufam nos barracões dos grupos Marabaixo do Pavão e Raimundo Ladislau, no bairro do Laguinho, a partir das 16h.

Homenagem

Além das tradicionais celebrações, o primeiro dia do Ciclo do Marabaixo 2024 foi de homenagens, em todos os barracões, ao presidente da Associação Marabaixo da Juventude, Alan Loureiro, que faleceu neste sábado, 30.

Cantador de Marabaixo e compositor de “ladrões”, Alan Loureiro, era do Igarapé do Lago, em Santana, berço do Marabaixo, e ecoou sua voz nas rodas e festividades pelo estado, ao som dos tambores, a tradição e a história deste símbolo da cultura negra e do povo amapaense.

Presença marcante durante o Ciclo do Marabaixo, participava ativamente nas tradicionais casas de marabaixo Raízes da Favela, Dica Congó, União Devotos de Nossa Senhora da Conceição e União Folclórica Igarapé do Lago.

Ciclo do Marabaixo

A tradição traz o culto pelo Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade, com missas, ladainhas, cortejo da murta e o levante e corte de mastros nas matas. As rodas de marabaixo, gengibirra e o caldo de carne, conhecido como o tradicional "cozidão", também integram essa importante manifestação cultural e religiosa.

O Ciclo do Marabaixo é realizado pelos grupos Berço do Marabaixo, Raízes da Favela (Dica Congó), Marabaixo do Pavão, Raimundo Ladislau, União Folclórica de Campina Grande (UFCG) e Santíssima Trindade, da comunidade de Casa Grande.

Patrimônio cultural

Em 2018, o marabaixo recebeu o título de patrimônio cultural brasileiro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A certificação reconhece a presença das ancestralidades africanas na formação social e cultural do Amapá e da Amazônia. Além disso, pode assegurar condições de transmissão e reprodução dessa manifestação cultural.

 

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